Pesquisar este blog

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dia do Piauí 2011......

O Piaui é um meio dia prolongado. É um mercado velho, um doce de buriti, uma carne de sol e muito sol na carne. É chupar cana olhando a plantação, cansado. É uma batalha do Jenipapo, uma chuva de caju. É ficar doido só de visitar Oeiras. É ver turista e pensar que é missionário. É ter 2 televisões em casa e não saber assinar o próprio nome. É uma vontade de aparecer no jornal pra ter certeza de que existe quando até livro de geografia ensina pro povo o contrário. É ser filho do sol do equador e pai do homem americano.

O Piauí é uma rua cheia de cadeiras na calçada, uma fila de vizinhos curiosos e falantes, uma família imponente numa casa de azulejos. É um monte de ermo sem eira nem beira. É um campo de futebol de terra batida com o time do bairro e bancos para as meninas. Piauí é Dona Maria de braços abertos e olhos molhados a espera do primo que vem do estrangeiro. É saudade do Rio, de São Paulo, de Brasília e do futuro. É ter que climatizar uma rua, inventar uma praia e ser cheio de idéias para o que fazer no sábado.

É uma casa de taipa que derrete na chuva, é criança chorando com fome, é dengue, é seca, é uma mucura. É onde mais se reclama do calor, mas quando o dia fica bonito pra chover todo mundo corre pra casa. Parece mais fraco que choque de lanterna, mas é a chapada do corisco. É um manguezal de bem-te-vi. É um coqueiro, um cajueiro, um caneleiro e é uma mulher com um vestido vermelho e um colar de opala. Tem cara de capivara criada por Catirina. É uma mambira.

É renda, é palha, é barro. É um festival de cachaça, uma festa junina, um festival de inverno e, vez por outra, um inferno. É um café da manhã com beiju, cuscuz, bolo frito e leite. É talvez ter que dormir junto com o sol e acordar antes dele. Ter medo de onça, cobra, boitatá e de tomar lá onde as patas tomam. Dizem que é terra de macho, mas também tem muita moita! Também dizem que o Piauí é o cu do mundo, mas é só porque ele foi o único estado colonizado pelos fundos. O Piauí tem gosto de gás, talvez por isso pareça com o Iraque. Tem cheiro e cor de cajuína, é uma menina.

Ariane Pirajá

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011



MANDU LADINO


O Heroi Mafrense
 Indio que ousou se rebelar contra o equivocado catolicismo da época 
dos Domingos sanguinários....


Caricatura: Mauro Júnior


Mandu Ladino é o nome do índio. (Isso é lá nome de índio!) Genuinamente brasileiro, como, aliás, eram todos os índios no começo dos 500 anos. Mas este índio – tal de Mandu Ladino – é diferente. Tem história pra contar. Poderia, aliás, ser apenas mais uma história de índios massacrados e dizimados por portugueses ou catequizados por jesuítas em fins do século 17 e começo de 18. Mas não é. Tem história das boas. Foi retratada em 2006 em forma de romance pelo escritor piauiense Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco. O livro mostra, entre um beijo e outro, a história verídica de um curumim (índio criança), manso, adotado pelos jesuítas quando estes, no intuito de catequizar índios Brasil afora, fundaram as tais Missões. Ou Aldeamentos, como insiste o pesquisador Paulo Machado.

Num desses aldeamentos, em Viçosa, localizado na linda Serra da Ibiapaba, que separa o Piauí do Ceará (aquela mesma da Iracema dos lábios de mel de José de Alencar), manduzinho foi capturado e vestido com a camisa de força da Santa Madre Igreja e da oficialidade de El Rei de Portugal. A identidade forjada pela imposição e pela violência. Mandado para outro aldeamento de jesuítas, na Paraíba, Mandu não se dobrou ao repicar dos sinos das Missões. E ao final de sua adolescência foge do mosteiro dos velhos padres. O destino? As terras do Piagohy. Sim, isso mesmo, Piauí, lar doce lar de Mandu. Veio rumo ao Grande Rio, o nosso Parnaíba, chamado pelos historiadores de o Grande Rio dos Tapuias.


Pois bem, da Paraíba até o Piauí, ele percorre uma trilha, sentindo como nunca o gostinho da liberdade. Aquela que, sem nenhum favor, tinha ganho ao nascer. Aí começa a história verdadeira: por onde ia passando, ia aglutinando índios soltos e de várias etnias que encontrava pelo meio do caminho, num processo de convencer esses cara-vermelhas a lutar e expulsar cara-pálidas de suas terras. Virou cacique, liderando batalhas e mais batalhas com percas e mais percas dos dois lados. Nessas alturas dos acontecimentos, entram em cena dois velhos conhecidos da história oficial local: Domingos Afonso Sertão e Domingos Jorge Velho.


Essas duas medonhas criaturas, em troca de imensas glebas de terras em sertões do norte-nordeste, estraçalhavam tribos e mais tribos da imensa nação indígena nativa. Foi o início da chamada “civilização do couro” no Piauí. Mas Mandu não se dobrava nunca e continuava a luta – o bicho era teimoso que só! Incomodava - e como! - a corte portuguesa com suas estratégias e conhecimentos de índio amante da natureza. Conhecia cada detalhe geográfico da fauna, flora e do clima semi-árido da nossa região. E claro que por isso mesmo levava quase sempre vantagem contra um monte de brutamontes armados até os dentes, mas completamente ignorantes quanto ao seu campo de batalha. Tudo isso se encontra devidamente documentado, não como história oficial, claro. Mas juntando os cacos aqui e ali de documentos oficiais dá perfeitamente para montar o quebra cabeça. Tarefa para maluco nenhum botar defeito. Imagine para um monte de malucos.


Mandu, finalmente, foi tombado em 1719, depois de liderar várias revoltas contra os colonos e fazendeiros locais, os novos donos da terra brasilis. O local de sua morte ainda é objeto de estudo desse punhado de malucos, mencionados acima, o qual eu me incluo agora. O fato é que se não tivesse sido morto, teria formado o único país independente do planeta cuja nação seria indígena americana. E esta é toda a beleza da história. Escondida nos anais do tempo, claro! Por ironia do destino, o Piauí hoje é o único estado do Brasil que não possui um único índio sobrevivente.
Marta Teresa Tajra
 
fonte:http://krudu.blogspot.com/2009/02/o-indio-ladino-e-sua-brigada-utopica.html




domingo, 23 de janeiro de 2011


Em 1770, muito antes da Princesa Isabel, uma escrava chamada Esperança Garcia, destacou-se pela sua coragem ao redigir uma petição dirigida ao governador da Capitania do Maranhão, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, os maus-tratos sofridos nas mãos de Antônio Vieira de Couto, inspetor de Nazaré, localidade que hoje é o Município de Nazaré do Piauí (PI). Na mais antiga petição escrita por um escravo no Brasil, ela denuncia os maus-tratos sofridos a partir do confisco das fazendas dos jesuítas pela Coroa Portuguesa. Pediu ainda que fosse devolvida à Fazenda Algodões e que sua filha fosse batizada.
Quem foi Esperança Garcia
O Professor Luiz Mott, em memorável entrevista concedida ao “Portal do Sertão”, revela:

“Esperança Garcia foi uma escrava moradora numa das dezenas de fazendas que com a expulsão dos Jesuítas, passaram para a administração governamental, e que em 1770 escreveu uma carta ao Governador do Piauí denunciando os maus-tratos de que era vítima por parte do feitor da fazenda. Salvo erro, é a segunda carta mais antiga até agora conhecida no Brasil manuscrita e assinada por uma escrava negra, e que revela não só os sofrimentos a que estavam condenados os cativos, como o fato de já nos meados do Século XVIII haver mulheres negras alfabetizadas e suficientemente “politizadas” para reivindicar seus direitos e denunciar às autoridades os desmandos de prepostos mais violentos. Além da felicidade de ter descoberto documento tão importante e raro, minha alegria foi maior ainda quando, anos depois, esta negra, até então desconhecida, passou a simbolizar o ideal de liberdade dos negros do Piauí: foi dado o nome de Esperança Garcia a um hospital em Nazaré do Piauí, em Teresina há o Coletivo de Mulheres Negras “Esperança Garcia” e o dia em que ela datou sua carta, 6 de setembro, passou, por lei, a ser comemorado o Dia Estadual da Consciência Negra. Para um historiador é a gloria ter um seu “personagem” ressuscitado e elevado a tantas homenagens dois séculos depois de sua morte”.
Segue abaixo o inteiro teor da carta, escrita em 6 de setembro de 1770:
“Eu sou hua escrava de V. Sa. administração de Capam. Antº Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passom to mal.
A primeira hé q. ha grandes trovoadas de pancadas enhum filho nem sendo uhã criança q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim não poço esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confeçar a tres annos. E huã criança minha e duas mais por batizar.
Pello q. Peço a V.S. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.De V.Sa. sua escrava EsPeranÇa garcia”
O caso foi estudado no artigo “Uma escrava do Piauí escreve uma carta”, de autoria do historiador e antropólogo Luiz Mott (publicado no Mensário do Arquivo Nacional, nº 5, 1979). Mais informações podem ser obtidas num estudo de Solimar Oliveira Lima.
Para o Prof. Dr. da UESPI/ UFPI, Élio Ferreira de Sousa, que estuda a temática do negro na literatura, “Esperança Garcia é uma exceção, porque era proibida a leitura para escravo; quem fosse flagrado ensinando escravo a ler era preso e/ou processado. Ela escreveu a carta um ano depois que os jesuítas, de quem era escrava, foram expulsos do Brasil por Marquês de Pombal. Esperança Garcia foi levada à força da Fazenda Algodões, perto de Floriano, para uma fazenda em Nazaré do Piauí. Ela conta que juntamente com o filho eram torturados e espancados; que o feitor a peava, como animal, e que uma vez caiu do penhasco e quase morreu, estando amarrada; que foi proibida de batizar o filho e de se confessar, assim como suas amigas. Na condição de escrava, usou a questão da religião como estratégia para que seus opressores fossem punidos, porque a religião oficial era a católica”, ressaltou o pesquisador, acrescentando que era comum nas fazendas locais, os negros fazerem levantes contra os desmandos, já naquela época.

Reproduzo aqui, entrevista concedida ao "Portal do Sertão" pelo professor Luiz Mott, em 10 de junho de 2006 ao repórter Joca Oeiras, o anjo andarilho.


Portal do Sertão: Paulistano de nascimento, mineiro na adolescência, baiano há um quarto
de século", como você mesmo diz. O que o levou a interessar-se, há mais de vinte anos, pelo Piauí Colonial?

Luiz Mott: Formei-me em Ciências Sociais na USP, em plena ditadura militar. Embora tenha me especializado em Antropologia, logo descobri que gostava mais de investigar a vida social no passado, daí ter-me enveredado pela Etno-História, que é um casamento bem sucedido da Antropologia com a Historiografia. Ao realizar minhas primeiras pesquisas sobre a história social do Brasil Colônia nos Arquivos de Portugal, por acaso deparei-me com inúmeros manuscritos interessantíssimos sobre o Piauí Colonial, área que não conhecia mas que se tornou um de meus “xodós” acadêmicos. A descoberta, no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, de um longo documento “ Descrição da Capitania de São José do Piauí”, dos meados do século XVIII, de autoria do Ouvidor Durão, foi fundamental para que me tornasse “piauiólogo”, pois trata-se da mais completa e inteligente descrição setecentista desta Capitania, documento que me serviu de guia para aprofundar a investigação de sua história demográfica e social.


Portal do Sertão: Conte como e onde se desenvolveram as pesquisas. Você esteve muitas vezes no Piauí?

Luiz Mott: Outro fator contribuiu para que me tornasse especialista na etno-história piauiense: tive a felicidade de conhecer o saudoso Prof. Odilon Nunes, (falecido em 1989) que considero o principal historiador desta região, o qual muito me estimulou a prosseguir as investigações, agora também no Arquivo Publico do Piauí, onde então vasculhei grande parte da documentação do período colonial, tendo a felicidade de encontrar muitos documentos inéditos sobre as fazendas de gado dos Jesuítas, sobre a conquista de diversas tribos indígenas, sobre a vida social dos vaqueiros. A partir de então, retornei diversas vezes a Teresina, seja para prosseguir as pesquisas documentais, seja para ministrar conferencias. Em 1985, o Projeto Editorial Petrônio Portela publicou meu livro “Piauí Colonial: População, Economia e Sociedade”, onde reuni cinco artigos divulgados anteriormente em revistas de historia e antropologia. Foi nesta época que realizei pesquisas na Torre do Tombo em Portugal, coletando documentação sobre a atuação do Tribunal da Inquisição nesses sertões, tema até então completamente descurado pela historiografia local.


Portal do Sertão: A descoberta da carta da escrava Esperança Garcia ao governador do Piauí fez com que as pesquisas, de alguma forma, mudassem de rumos?

Luiz Mott: Esperança Garcia foi uma escrava moradora numa das dezenas de fazendas que com a expulsão dos Jesuítas, passaram para a administração governamental, e que em 1770 escreveu uma carta ao Governador do Piauí denunciando os maus-tratos de que era vítima por parte do feitor da fazenda. Salvo erro, é a segunda carta mais antiga até agora conhecida no Brasil manuscrita e assinada por uma escrava negra, e que revela não só os sofrimentos a que estavam condenados os cativos, como o fato de já nos meados do Século XVIII haver mulheres negras alfabetizadas e suficientemente "politizadas" para reivindicar seus direitos e denunciar às autoridades os desmandos de prepostos mais violentos. Além da felicidade de ter descoberto documento tão importante e raro, minha alegria foi maior ainda quando, anos depois, esta negra até então desconhecida passou a simbolizar o ideal de liberdade dos negros do Piauí: foi dado o nome de Esperança Garcia a um hospital em Nazaré do Piauí, em Teresina há o Coletivo de Mulheres Negras “Esperança Garcia” e o dia em que ela datou sua carta, 6 de setembro, passou por lei a ser comemorado o Dia Estadual da Consciência Negra. Para um historiador é a gloria ter um seu "personagem" ressuscitado e elevado a tantas homenagens dois séculos depois de sua morte.



Portal do Sertão: Em suas pesquisas há descobertas sensacionais, como a carta já citada e o saborosíssimo depoimento da mestiça Joana Pereira de Abreu. A que você atribui este resultado? À sorte, ao método ou ao esforço?

Luiz Mott: O ofício de historiador é igual dos antiquários e arqueólogos: a gente vai atrás de pistas, procura aqui, garimpa acolá, e depois de muita labuta, tem a felicidade de se deparar com algumas pérolas preciosas, como esta que achei na Torre do Tombo: Joana Pereira de Abreu era uma escrava mestiça, moradora na Mocha nos meados dos setecentos, protagonista de um dos episódios mais complexos e insólitos da historia religiosa do Brasil Colonial: praticou um ritual diabólico, o famigerado Sabá, reunião orgiástica de feiticeiras com Satanás, ritual medieval muito comum na Europa mas até então nunca documentado na a América Portuguesa. E foi exatamente na Mocha, no Campo dos Enforcados, que ocorreu este “conventículo” de negras e mestiças que socializavam secretamente com um bando de Diabos, exatamente como faziam as bruxas européias perseguidas pela Inquisição. É uma historia de arrepiar os cabelos, riquíssima de informações sobre os costumes sertanejos nas fronteiras do Piauí com Maranhão, artigo que está no prelo para publicação e que certamente vai causar grande “rebu” na historia da vida religiosa do Piauí Colonial.



Portal do Sertão: Você me parece uma pessoa que se dedica intensamente a tudo o que faz, seja à militância gay, seja à vida acadêmica. Como faz para manter tão alto o astral?

Luiz Mott: Acabo de completar 60 anos e receber o título de Cidadão Baiano, o que me honrou muito, pois vivendo há 27 anos em Salvador já era Cidadão Soteropolitano, mas os deputados recusavam me titular devido ao preconceito à minha militância pelos direitos humanos dos homossexuais. Para mim foi uma vitória importantíssima este título, pois prevaleceu o bom senso e a tolerância, considerando que o ser humano deve ser avaliado por seus méritos, qualidades, honestidade, e não por suas preferências amorosas. Sofri muitos preconceitos em minha vida acadêmica e social devido à minha condição de gay militante, mas não me arrependo um só minuto de ter-me assumido, pois para mim, ser homossexual foi uma graça divina! Espero viver muitos anos mais para continuar nessa luta para que se cumpra o ideal sintetizado pelo nosso maior poeta moderno, o bissexual Fernando Pessoa: “O amor que é essencial; o sexo, acidente: pode ser igual, pode ser diferente!”


Portal do Sertão: Oeiras é a chamada "Capital da Fé" no Piauí. Que reação, você imagina, terá o público da sua conferência?

Luiz Mott: Visitarei Oeiras pela primeira vez “ao vivo”, mas a primitiva Mocha é minha velha conhecida, pois há muitos anos estou por dentro de sua historia, dialogo com seus primeiros povoadores, resgatando a conturbada vida de seus moradores, seja brigando com os índios, devastando os sertões à procura do capim mimoso, pelejando com os jesuítas, amedrontando-se com os visitadores do Santo Oficio da Inquisição, realizando calundus e rituais diabólicos. As religiões são dialéticas, evoluem, umas nascem, vicejam, outras declinam, murcham e morrem. As religiões devem ser a escola do amor e da tolerância, do respeito à diversidade, do ecumenismo. Passou o tempo em que a lei era “Roma locuta, causa finita” (Roma falou, acabou a discussão). Vivemos num Estado Laico, onde a censura é proibida, onde a Constituição garante a liberdade religiosa mas também o direito ao ateísmo e ao conhecimento da verdade histórica sobre o passado das crenças religiosas. Passou-se o tempo que os hereges eram apedrejados! A verdade pode doer, pode chocar, mas a mentira é a mãe de todos os erros! E a mentira tem um pai: o Diabo do Campo dos Enforcados!

A CARTA

"Eu sou hua escrava de V. Sa. administração de Capam. Antº Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passo mto mal.
A primeira hé q. ha grandes trovoadas de pancadas em hum filho nem sendo uhã criança q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim não poço esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confeçar a tres annos. E huã criança minha e duas mais por batizar.
Pello q. Peço a V.S. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.
De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia”

Sites consultados:                  

www.overmundo.com.br/
oeiras_brasil.blogs.sapo.pt/1222.html
www.paginalegal.com/categoria/documentos-historicos/
www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=660&pagina=7 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cinema no Piauí: bases, origem e transformações


Cinema no Piauí: bases, origem e transformações


(07/06/2010, às 07:59:12)
A arte, de um modo geral, sempre encontra formas e maneiras de se manifestar em qualquer canto que seja. A sedução pela arte é inerentemente humana e ultrapassa fronteiras geográficas, tecnológicas e intelectuais. Sendo a arte a própria expressão do íntimo humano, ela não deve se limitar a regras e normas, embora na maioria das vezes tenha bases muito bem definidas que terminam cristalizando dogmas. Foi Riccoto Canudo, no seu Manifesto das Sete Artes, quem dogmatizou o Cinema como sendo a Sétima Arte, dentro da qual dialogariam todas as outras, desde o Teatro à Música.

Infelizmente, não é possível eleger um teórico que clarifique e sistematize a produção audiovisual piauiense, sobretudo pelo fato de que há controvérsias se se pode ou não falar de um cinema piauiense. Obviamente que as origens disso remetem à própria questão da autoestima baixa do nordestino, acentuada em nosso Estado. A cultura daqui é um mix das outras que nos cerceiam, o que impede uma formação mais contundente de uma identidade cultural forte. Se não temos sotaque, não devemos ter cultura.

Tal pensamento autossabotador é escutado em qualquer palco vazio ao nosso lado. Um exemplo disso é quando a unanimidade relaciona os primeiros passos do “cinema piauiense” a produções amadoras no final da década de 60 e 70. No entanto, é importante lembrar que o Estado conheceu o cinema desde seu início, praticamente. As primeiras exibições experimentais de filmes na capital e interior datam de 1901, trazidas por empresários estrangeiros. Logo no alvorecer da nova arte fomos apresentados a ela. Nas décadas seguintes, as sessões de cinema se configuraram como a principal diversão do piauiense, ocasionando o boom dos cinemas de rua, como Cine Royal, Cine São Luis, entre outros. Temos, ou tínhamos, o segundo cinema de rua mais antigo do país. O Cine Rex foi inaugurado em 26 de novembro de 1939 com a exibição do filme A Grande Valsa e formou as mais diversas plateias nas mais diferentes épocas e acompanhou grande parte das transformações pelas quais a produção cinematográfica passou, incluindo a sua própria.

Foi perto dali que um grupo de jovens se reuniu para produzir um jornal com o objetivo de levar cultura à população. Paulo José Cunha, Edwar Oliveira, Arnaldo Albuquerque, Carlos Galvão e Durvalino Couto Filho sentaram-se nas gramas da Praça da Liberdade com o objetivo de fazer um movimento trazendo a cultura para mais perto da população. Por conta disso, o jornal foi chamado de “Gramma”, e graças a uma entrevista dada por Torquato Neto nasceu o primeiro curta-metragem piauiense, Adão e Eva no Paraíso de Consumo (ou Do Paraíso ao Consumo), protagonizado pelo próprio e por Claudete Dias. A ele, seguir-se-iam muitos outros.

A produção audiovisual piauiense sempre pertenceu, como podemos ver em sua pequena trajetória, ao coro dos descontentes. Sempre foi intimamente ligada aos movimentos cineclubistas, nos quais se viam clássicos, discutiam-se tendências e experimentavam-se pequenas e ousadas gravações. Muito arraigado a questões sociais e politicamente reacionárias (frutos da Ditadura Militar), não inovou em estética ou linguagem. Bebeu na fonte da Nouvelle Vague da França, do Neo-realismo da Itália e do Cinema Novo brasileiro para, dessa mistura, registrar o clima sociocultural de uma época. Assim tivemos o movimento setentista em super-8, no qual Torquato Neto foi grande expoente, defendendo a precária tecnologia: “Cinema é um projetor funcionando, projetando imagens em movimento sobre uma superfície qualquer. É muito chato. O quente é filmar”.

E na quente Teresina da primeira metade da década de 70 saíram filmes como David a Guiar (também conhecido como As Feras), de Durvalino Couto Filho, Porenquanto, de Carlos Galvão, Terror na Vermelha, de Torquato Neto, entre outros, além das animações de Arnaldo Albuquerque e do longa-metragem Guru das Sete Cidades, que recebeu apoio estatal e foi satirizado por Noronha Filho com o seu Guru das Sexys Cidades, que vem acentuar o caráter marginal à produção desenvolvida no Piauí até então. Em geral, eram filmes de curta duração sem som direto que contavam uma história ou mesmo fragmentos de um específico cotidiano com uma trilha sonora da época (David a Guiar transcorre todo ao som de “Dark Side of the Moon”, álbum do Pink Floyd de 73).

Depois da morte de Torquato Neto, a produção piauiense efervescente ficou tímida. No final da década de 70, outros cinco jovens que participavam do Cineclube Teresinense resolveram colocar em prática seus estudos na área de cinema. Criaram, para tal, o grupo “Mel de Abelha”, que realizou sete curtas: Povo Favela (78), Pai Herói (80), Relógio do Sol (81), Espaço Marginal (81), O pagode de Amarante (85), Dia de Passos (85) e Da Costa e Silva (85). “Mel de Abelha” era formado por Dácia Ibiapina, Valderi Duarte, Luis Carlos Sales, Socorro Melo e Lorena Rego. Os principais temas tratados pelas produções do grupo são as questões morais, educação, cidadania e uma preocupação em resgatar as tradições culturais do Estado.

A sátira e a ironia eram características presentes nesses filmes, por serem crias do período da Ditadura e Censura. O que pode-se perceber é que, na contramão do cinema nacional, que se deslumbrava com o Cinema Novo, o Piauí via no Cinema Marginal sua única forma de uma manifestação audiovisual efetiva. Uma das causas da “adoção” desse formato não deixa de ser a precariedade de recursos. Até a década de 80 não havia nenhuma lei de incentivo ao cinema. Todo o desenvolvimento do audiovisual no Piauí era de inteira responsabilidade de seus criadores – como ainda o é. No nosso Estado não se falavam em leis de incentivo e políticas públicas, financiamento, além de incentivo à pesquisa. Uma realidade que não mudou muito, numa análise contemporânea.

Do modo como operaram suas bases e transformações, a produção audiovisual piauiense esboça um sentimento de não pertencimento dentro da história do cinema nacional. Por não se adequar ao mainstream tanto do Cinema Novo quanto do Cinema Marginal, resumiu-se a um olhar muito particular sobre nós mesmos. O nosso protesto é mais econômico e social do que político ou existencialista, embora tudo pareça estar no mesmo pacote. Enquanto Ruy Guerra mexia com o militarismo em Os Fuzis, Durvalino Filho mostrava os hippies daqui em David a Guiar. Nossos temas parecem ser de interesse só nosso, feito de uma maneira a construir uma identidade visual piauiense a partir do cotidiano de uma época, ou de épocas diferentes.

A primeira metade da década de 90 é marcada pelo fechamento da Embrafilme, que desertificou a produção nacional. Muito tiveram que se reinventar para sobreviver (Arnaldo Jabor virou jornalista) e outros simplesmente se deixaram morrer. No Piauí, começam a acontecer as iniciativas isoladas que continuam até hoje de jovens crescidos na geração dos videoclipes. Douglas Machado faz o curta-metragem A Ponte em 1994, já esboçando o olhar que seria marcante nas produções do fim da década e início da outra da noite teresinense e da juventude que anseia por diversão e arte. Com muita persistência, lança seu Cipriano em 2001, fazendo desabrochar um sentimento de Cinema por parte da população. Com isso surgem os nomes de Dalson Carvalho, Alan Sampaio, Monteiro Júnior, entre outros, que se destacam depois de várias produções amadoras no fim do milênio.

A vertente marginal volta a ser assumida com as produções de Aristides Oliveira, que também organiza a Mostra de Cinema Marginal, já com duas edições. Também ocorre o boom dos documentários legitimamente piauienses, com uma preocupação econômica e social mais frouxa, porém ainda presentes nas entrelinhas. Os editais, as leis de incentivos, o apoio das empresas privadas começam, ainda que timidamente, a fazer parte da vida dos jovens cineastas do Estado. A televisão se rende e começam a aparecer programas voltados para cinema e com a exibição de curtas-metragem feitos aqui, assim como tem acontecido mais festivais e mostras de filmes nossos, com público a cada ano maior.

As salas de cinema, agora presas aos shoppings, também começam a abrir suas entradas às produções locais. Depois de Cipriano, tivemos exibições de No Meio do Caminho (2004) e Insone (2005), de Monteiro Júnior, O Confidente (2005), de A. José, e Entre o Amor e a Razão (2006) e Ai que Vida! (2007), de Cícero Filho. O sucesso deste último mostra o quanto o público está ávido por produções que o refletem na tela grande. Nas salas foras do shopping, digamos assim, pudemos conferir vários curtas e documentários, como Um Corpo Subterrâneo (2007), de Douglas Machado, A Noite e a Cidade (2005), de Monteiro Júnior, O Cine Rex e Nós (2007) e Um Homem sem uma Câmera (2007), de Alan Sampaio, e Corpos Humanos (2007) e Quem São os Mestres? (2008), de Dalson Carvalho, entre diversos outros.

Após o movimento em super-8 nos anos 70 e o Mel de Abelha na década seguinte, não tivemos mais manifestações coletivas e unidas em prol de uma produção audiovisual. Talvez o mais perto que se tenha chegado disso na nossa história recente tenha sido o movimento denominado Kitupira, que tinha à frente o jovem cineasta Alan Sampaio. Contudo, com sua morte precoce no Natal de 2007 não houve tempo para o Kitupira mostrar a que veio. De agregação de pessoas com vontade de se expressar por meio do audiovisual, têm-se as oficinas realizadas pela Associação Brasileira de Documentaristas – seção Piauí, que busca formar jovens capacitados a compreender tecnicamente o cinema e a estar apto a realizá-lo, promovendo viagens ao interior e produção de curtas-metragens com seus participantes.

Como o campo cinematográfico entrecruza com os campos cultural, no caso as outras artes, político (filmes com mensagens políticas, com ideologia, e até mesmo a falta de políticas de financiamento e apoio), econômico (o difícil acesso aos equipamentos, na grande maioria caros, e a falta de apoio de instituições e governo) e social (interesse das pessoas em conhecer e apreciar a produção local), é preciso um fortalecimento desses campos para que a produção audiovisual possa se cristalizar. Ainda parte de iniciativas isoladas e vem conquistando espaço graças às temáticas nas quais o público se reconhece na tela. Algumas são mais universais e outras mais específicas. Os movimentos cineclubistas estão escassos, o “cinema piauiense” agora pertence a angústias individuais de jovens com vontade de se expressar. Ele se reconhece no vazio das relações interpessoais. Na falta de ideologias, fala-se de si mesmo. Se depender disso, ainda seremos espectadores de muitos filmes genuinamente da terra.

Colaboração:
Ivana Machado, Nina Nunes, Naira Sérvio, Afonso Rodrigues

Texto:
Monteiro Júnior
fonte: http://www.acessepiaui.com.br


                                                    O Balandê de seu Coelho, doc de Noronha Pessoa








TORQUATO NETO: na foto como o Nosferatu, ao lado de Scarlet Moon

 mais sobre o assunto;http://npdpiauilfotografojosemedeiros.blogspot.com/

sábado, 14 de agosto de 2010

 

                             
03 de Julho de 2008
Livro piauiense ganha prêmio do IPHAN
O livro tem como objetivo incentivar novos pesquisadores
O livro “Carnaúba, Pedra e Barro na Capitania de São José do Piauhy”, que registra a história do Piauí através da arquitetura e construções de prédios desde a colonização até o século passado acaba de receber um importante prêmio concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN.

O livro, de autoria do arquiteto e pesquisador Olavo Pereira, apresenta os elementos característicos e a matéria-prima daquelas construções. Organizado em três volumes, o livro contém a pesquisa que ganhou o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, na categoria Pesquisa e Inventário de Acervo .

Cada volume do livro trata de um tema: urbanismo, a origem e o desenvolvimento das vilas e cidades no Estado, estabelecimentos rurais, mostrando como eram as fazendas do Piauí colonial e arquitetura urbana, construções civis, religiosas, oficiais, militares, industriais e funerárias.“É um estudo que começou de forma independente, durou uns 20 anos. Só depois ganhou apoio. Tem como objetivo incentivar novos pesquisadores, e a ajuda na criação de projetos de preservação desses ‘monumentos’”, diz o arquiteto e autor premiado Olavo Pereira.

O livro oferece um modo de ver e de sentir essas estruturas, disponibilizando uma vasta gama de informações técnicas sobre a origem e evolução das cidades do Piauí nos séculos XVIII, XIX e XX, da colonização à República, bem como das técnicas e sistemas construtivos empregados em sua arquitetura, além de abordagem sobre as condições de preservação desse acervo.

VESTÍGIOS DE HISTÓRIA - Durante a pesquisa Olavo destaca que encontrou “vestígios de fazendas antigas, elementos importantes de construções que não existem mais, elementos religiosos de igrejas feitas por jesuítas na região de São João do Piauí. É um registro que serve como referência do povoamento das fazendas nacionais”.

Olavo é Arquiteto, Urbanista e Especialista em Restauração e Conservação de Conjuntos e Monumentos Históricos. Ele mora em Minas Gerais desde 1968. E diz que resolveu vir fazer essa pesquisa no Piauí pela carência de informações que havia no estado.

“A falta de referências sobre o acervo arquitetônico e urbanístico do Piauí me motivou a fazer esse levantamento sobre as casas, os elementos construtivos (carnaúba, pedra e barro, que ao nome ao livro). Para evidenciar essas referências históricas e também incentivar programas de proteção, preservação que devem ser incluídos nos projetos oficiais”, explica Olavo, que percorreu cerca de 50 municípios do Estado, conversando com pessoas, e pedindo licença para documentar desde as enormes sedes das fazendas à mais rústica construção de pedras empilhadas.

O resultado desta peregrinação histórica está no livro já está disponível nas livrarias piauienses desde seu lançamento oficial em novembro de 2007.

fonte;http://www.arquitetura.com.br
Em um artigo publicado no livro Cidade/História e Memória, Teresina - 150 anos, intitulado "Em busca de uma cidade perdida", o historiador Francisco Alcides do Nascimento ressalta a frustração de pessoas que,
ao retornar a Teresina, depois de alguns anos de ausência, não mais reconhecem a cidade de sua infância, de sua juventude. Para ilustrar, ele cita a reação do poeta Ribamar Ramos, depois de longa temporada fora de Teresina - onde passou sua juventude -, resolvido a não mais voltar à cidade.

"O seu interlocutor teria perguntado a razão dessa decisão. A resposta foi imediata: 'a Teresina do meu tempo já não existe mais. Demoliram o Café Avenida, o Bar Carvalho e seu cozinheiro espanhol não fazem
mais parte da paisagem da praça Rio Branco'. A cidade do "tempo do poeta" é colocada em oposição à cidade visitada. Esta lhe é desconhecida e ele sente um certo estranhamento. A cidade latente em sua memória é narrada e ganha um novo suporte, a história", diz o texto de Alcides do Nascimento.

Continuando, o historiador assinala que "a cidade de Ramos resulta do exercício de lembrar que no lugar de um estacionamento existia o Café Avenida, local onde a elite intelectual, até o início da década de 1940, se juntava para discutir os últimos acontecimentos da cidade, do país e do mundo". Em outro parágrafo,
Alcides do Nascimento diz que "a realidade de Teresina demonstra que nem sempre os edifícios construídos servem de referência durante toda a nossa vida. Aliás, esse parece ser um problema relacionado com o Brasil inteiro, a sedução pelo novo tem nos deixado sem algumas referências".

Porém, o personagem citado por Alcides do Nascimento é um entre milhares que, ao retornar a Teresina, depois de certa ausência, se depara com estacionamentos em lugar de prédios que contavam um pouco da
vida da cidade; construções que ajudavam na busca do passado, uma referência que agora aparece apenas na lembrança ou numa  velha fotografia esquecida em alguma gaveta; mais uma peça de museu. Infelizmente essa descaracterização tem sido uma rotina na cidade: o novo sufocando, apagando a memória, ajudando no surgimento de uma nova cidade sem passado, como se tivesse surgido por encanto, desconhecida de seus filhos de antigas gerações.

Para o historiador Jussival Sousa, de algumas décadas para cá, Teresina vem se descaracterizando com a derrubada de prédios antigos que dão lugar a estacionamentos ou a construções modernas. Ele adverte que, dentro de pouco tempo, se não for tomada uma decisão séria dos órgãos competentes, a história
de Teresina irá se resumir a documentos e peças de museus. "Se ao menos conservassem a fachada,
ainda poderíamos mostrar às novas gerações a história do crescimento da cidade, mas muitos prédios estão sendo demolidos por inteiro", assinala.

Citando como exemplo recente a derrubada de uma antiga casa localizada no cruzamento das Ruas Davi Caldas e Areolino de Abreu, o historiador ressalta o que fizeram com Avenida Frei Serafim: "Muitos casarões e sobrados da Frei Serafim foram derrubados, para que fossem erguidos prédios de arquitetura moderna - resultando no desaparecimento de um belo conjunto arquitetônico que contava a história da Teresina das primeiras décadas do século XX", observa.

"O referencial de saber o passado é a memória, que pode estar nos documentos, na oralidade e nas edificações", argumenta, acrescentando que não é contra a modernização da cidade, mas que esse processo seja desenvolvido de forma responsável: "O que não está certo é a chegada dessa modernidade como um tsunami, varrendo a memória da cidade - o que é lamentável", assinala.

"Quando se fala em modernidade se ressalta muito a preservação do meio ambiente, mas porque não poderiam estar no mesmo patamar de importância essa modernidade, o meio ambiente e a nossa
memória?", indaga.

Jussival deixa claro que não é contrário às transformações que os tempos modernos impõem à Teresina, desde que se tenha respeito pelo passado. "O que vamos deixar para as futuras gerações? Só fotos? Só histórias a serem contadas? Parafraseando o mestre Alcides Filho, 'a cidade que hoje vivo não é mais a cidade que eu conheci; a cidade que me apaixonei'", concluiu.
fonte:http://www.sistemaodia.com