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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


No lixo:
Apenas os restos sociais.
No aquário:
Apenas o lindo peixe cativo.
Na cama:
Apenas o sono.
Na vida:
Apenas a morte.
Demetrios
Sintezine ano 01 número 2 – setembro / 99

Meu mundo
Não é esse mundo
Meu mundo
Não é aqui
Meu mundo
É outra dimensão
Meu mundo
Esta em construção
Demetrios
Sintezine – ano um numero I


U.L.P.A. – UNIÃO LIBERTARIA DA POESIA ÁVIDA. Ano zero, numero três outubro/novembro - 00.
Poesia coletiva construída no dia 20/2/0 / Dante-Demetrios, Robson & Junior.
Abraço o maldito vírus
E danem-se as conseqüências
Embora eu saiba que amanhã estarei de cama
A verdade é obscura:
Alguns despertam
Outros padecem.
A loucura liberta o homem
E o faz feliz.
Tudo o que há
Sou nada, tudo, fim,
Inicio ciclo, vicio.
A vida é sarcástica,
Ela coloca a pedra pra você tropeçar
E gargalha de você.
Vivo aprendendo,
Aprendendo e não sei se estou vivendo.
Sou hetro, sou homo, geni, sexual...
Hoje, mesmo liberto sinto-me prisioneiro por sempre ter sido um.
A razão aprisiona os homens. A cobra roça-se com o pombo
Se amam por toda madrugada.
Olho além e vejo algo lindo
Pessoas se igualando a outras. Rá rá rá!!! Tudo é tão irônico.

Meu
Quebra-cabeças
Recortado
Construindo
Com
Retalhos
De
Idéias
Afins
Luzes de neon
Bares de periferia
Verbos de concreto
Poesias elétricas
Inconsciência antropofágica

Arte
Marginal

Demetrios

Sintezine ano I - numero – 4. fev.2000


DIA A DIA

O pântano urbano engole a luz
Os submarinos emergem na lama
Os lobos devoram as idéias engaioladas

Molambos humanos
Vagam pelas ruas doentes
Da insana cidade

Canções fúteis são ouvidas em todas as esquinas
Nas avenidas há prostituta a espera do carrasco
A noite esconde os predadores!

Alguns versos recheiam os dias
Ao som de uma orquestra
Caótica e desafinada
Demetrios

Ano I – numero 5 – maio de 2000

BONITO PRA CHOVER

Já espalhei
Dentro de mim
O nosso canto
Estou aceso
Pra viver
Eterno tempo
Quero você
Alem do bem
Aquém do mal
Melhor da vida
Mulher da vida
Malinando no meu peito
Hoje amanheci
Só pra te amar
É que o tempo
Anda bonito pra chover

William melo soares


VARRIDOS

Nicinha primeira dama
Dos carnavais da saudade
Se enchia de beleza
Enfeitava nossos olhos
Assanhava a mocidade
Se passava por princesa
E tinha toda certeza
De que o tempo não tem idade
E na loucura dos dias
Quinta-feira, bibelô.
Manelão, ceguinha e muda.
Zé caenga, Chico doido e vovô.
(Zé doidinho se aquietou)
Hoje canto em louvor
À loucura dessa gente

William melo soares

segunda-feira, 10 de novembro de 2008




RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Pra mim, chega." Foi uma das últimas coisas escritas pelo letrista, poeta e jornalista Torquato Neto, em seu último texto, de despedida, na noite de seu suicídio, mesma noite em que comemorava seus 28 anos. Dessa noite, em 1972, até hoje, Torquato só fez tornar-se cada vez mais uma espécie de mito. Mito torto, triste, genial e de tristeza impenetrável. "Pra Mim Chega" é também o nome de biografia recém-lançada do escritor, realizada pelo curitibano Toninho Vaz, 57, que em 2002 estreou no formato escrevendo "O Bandido que Sabia Latim", biografia de Paulo Leminski.

Em sua nova recontagem da vida de Torquato, Vaz tocou em assuntos delicados, tendo uma personagem principal complexa, profunda e de personalidade pouco conhecida em sua totalidade. O poeta é geralmente citado como tímido, reservado, introspectivo, melancólico. A biografia revela uma personalidade diferente: abrangente, expansiva. Melancólica, sim. Mas também radical, anarquista, incansável, cheia de excessos e paixão pela vida.

Pessoa tão grande que é, um levantamento da história da vida de Torquato não poderia acontecer sem percalços. Um detalhe surgido na apuração de sua biografia mostrou-se delicado, mas revelador. Nana Caymmi, em entrevista, lembrando uma das primeiras tentativas de suicídio do poeta, comentou: "Pra mim, ficou claro que era uma paixão pelo Caetano. Todos ali falavam disso". Caetano Veloso, entrevistado pelo autor da biografia, foi categórico. "Se você me perguntar se nós éramos namorados, amantes ou coisa assim, eu posso garantir: não!"

O autor desconfia que esse tenha sido um dos motivos para a desaprovação pública à biografia por parte da viúva de Torquato, Ana Maria Duarte. Originalmente divulgado como projeto da editora Record, acabou abortado, até ser encampado, com aura de "maldito", pela Casa Amarela, que publica a revista "Caros Amigos". Com 73 entrevistas, o livro explica na introdução: Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia se escusaram de falar sobre ele.

Letrista, jornalista, poeta

Chamado de "ideólogo do movimento tropicalista" por Vaz, Torquato Neto foi talento arrebatador, sensível, louco, inclassificável nos seus interesses. Como letrista -sua faceta mais conhecida-, emprestou palavras para melodias de Edu Lobo ("Pra Dizer Adeus"), Gilberto Gil ("Louvação"), Caetano Veloso ("Nenhuma Dor") e parceria póstuma com Sérgio Brito, gravada pelos Titãs ("Go Back"), entre dezenas de outras. Como jornalista, escreveu em periódicos como "Correio da Manhã" e "Última Hora", onde manteve por muitos anos coluna de intensa agitação cultural. Como poeta, teve obra esparsa, rascunhada, apenas organizada postumamente.

Há pouco tempo, a editora Rocco organizou essencial trabalho de compilação de toda a obra escrita de Torquato, nos dois volumes de "Torquatália" ("Do Lado de Dentro" e "Geléia Geral"), com letras, poesias, colunas jornalísticas, roteiros, cartas, anotações, idéias e um diário de certo período em que esteve internado -voluntariamente, diga-se- em um hospital psiquiátrico carioca.

Período lembrado em detalhes neste "Pra Mim Chega", entre outras histórias de solidão, paixões e inconformismo, inclusive do seu período pós-tropicalista, já cabeludo e interessado em cinema e drogas, com lembranças surpreendentes de relações com Glauber Rocha, Zé Celso, Hélio Oiticica. Tudo muito natural para o poeta que escreveu que um poeta não se faz com versos: "É o risco, é estar sempre a perigo, sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela".


Dez homens, dez histórias entremeadas de poesia. Dez vidas que se foram rapidamente, dez obras que marcaram para sempre a literatura do Piauí.

Em “Sociedade dos Poetas Trágicos” (sim, sim, a inspiração para o título veio do filme do Peter Weir), o jornalista Zózimo Tavares traça perfis de dez poetas piauienses que viveram pouco mas deixaram obras intensas, belas, atemporais.

Quando li as biografias e alguns dos poemas do livro, só de imaginar o sofrimento daqueles homens senti lágrimas nos olhos. Pensei na dor de um cara de 19 anos que sente a vida ir embora a cada tosse, a cada escarro. Me refiro a José Newton de Freitas, morto aos 19 anos, vítima de tuberculose. Sua poesia é cheia de tristeza, desespero e urgência.

Tavares comenta que a literatura brasileira reconhece Álvares de Azevedo como o poeta que morreu mais jovem, aos 21 anos. “Mas José Newton já é considerado por alguns críticos como o mais jovem porque morreu aos 19, deixando um trabalho marcante. O que acontece é que sua obra ficou muito aqui, quase não é conhecida fora. Tem especialistas que o vêem como o introdutor do Modernismo no Piauí, reconhecem em seus versos todas as características da poesia moderna”.

O livro é resultado de uma longa pesquisa e o autor diz que foi encontrando tantas histórias trágicas de poetas que teve que achar um critério de limites. “Os poetas trágicos do Piauí não são só dez, temos muitos mais, inclusive vivos. Nosso maior poeta vivo, o H. Dobal, convive há anos com o mal de Parkinson, que é uma tragédia na vida dele. Outro grande nome da poesia piauiense, Da Costa e Silva, viveu 16 anos sem saber quem era, por causa do Alzheimer. Resolvi então delimitar o livro pela idade, escolhi dez poetas que morreram antes dos 40 anos, quando estavam no auge de sua produção literária”.

Morte que assusta e fascina

É curioso perceber um certo fascínio pela morte na obra dos poetas escolhidos por Zózimo Tavares. Todos eles, ao menos uma vez, escreveram inspirados pela ‘indesejada das gentes’. Mário Faustino, por exemplo, no seu “O homem e sua hora”, parece pressentir: “Sinto que o mês presente me assassina, há luto nas rosáceas dessa aurora, há sinos de ironia em cada hora (na libra escorpiões pesam-me a sina). Há panos de imprimir a dura face, à força de suor, de sangue e de chaga”. Faustino morreu em um acidente de avião no Peru, aos 32 anos de idade.

A tuberculose, grande mal dos séculos passados, foi a responsável pelas mortes de boa parte dos poetas citados pelo jornalista. Alcides Freitas, morto aos 23 anos, tinha acabado de se formar em Medicina e de publicar seu único livro, Alexandrinos. Também ele fala de morte, e a sensação que passa é a de que a dor que sentia se transformava em versos, lindamente passados pro papel. “Morte, sombra do amor que os meus sonhos deslumbra! Abre os braços a mim, velha caveira triste! Que eu não fique mais no horror desta penumbra...Ai, no grande pesar da minha alma de monge, a dor, somente a dor, impassível, persiste...a dor de uma saudade...a morte que vem de longe...” (Trecho do soneto Meus Olhos).

Seu irmão Lucídio Freitas, fundador da Academia Piauiense de Letras, morreu aos 27, também vítima de tuberculose. A doença parecia rondar a casa da família, como bem disse Zózimo Tavares. Em “Perscrutadoramente”, o poeta se mostra revoltado com a iminência da morte, por já ter visto o sofrimento dos pais no momento da perda de Alcides. “Homem, parcela humilde, humilde e obscura, que anda perdida e desapercebida, buscando os vermes de uma sepultura.
O que foste? O que és? Para onde vais? Esta angústia maldita da tua vida foi a maldita angústia dos teus pais”.

Ainda por tuberculose, morreram Zito Baptista, aos 39 anos – é o autor de “Chama extinta e “Harmonia Dolorosa”, obras que encantaram o poeta Olavo Bilac -; e Nogueira Tapety, aos 27. Este deixou um diário onde relata o avanço da doença. Sua produção passou décadas dada como perdida e somente foi publicada em 1990 pelo Instituto Histórico de Oeiras e Academia Piauiense de Letras. O livro “Arte e Tormento” celebrou o centenário de nascimento do poeta.

“Façam soar as trombetas da morte e anunciem nossa passagem”

Torquato Neto é certamente o mais famoso dos poetas trágicos do Piauí. O anjo torto deu fim à própria vida depois de comemorar seus 28 anos em uma festa com amigos no Rio de Janeiro. Nas semanas anteriores ao suicídio, Torquato doou sua coleção de literatura de cordel, queimou vários de seus textos e destruiu a máquina de escrever. Na madrugada fatídica, se despediu dos amigos com abraços e beijos. Em seu “Poema do aviso final”, pediu esperança. “É preciso que alguma coisa atraia a vida ou a morte: ou tudo será posto de lado e na procura da vida a morte virá na frente e abrirá caminho”.

Licurgo de Paiva, morto em 1877 aos 33 anos, vítima dos seus próprios excessos e das noites boêmias regadas a álcool, é citado como o introdutor do Romantismo no Piauí. No dia de sua morte, ele mesmo vestiu o paletó com o qual queria ser enterrado e esperou chegar a hora. Sinistro, não?

E sinistras também foram as circunstâncias das mortes dos poetas Ramsés Ramos, aos 35 anos e Paulo Veras, 30. O primeiro bateu a cabeça ao cair no quarto de um hotel em Moscou e o segundo teve um ataque cardíaco fulminante e caiu por cima de uma panela onde preparava uma caranguejada para festejar seus 30 anos.

Ramos é o autor de “Vida, nossa quimera”, da qual retirei a frase que intitula este último trecho da matéria; e também foi jornalista, músico, tradutor e crítico de arte.
Zózimo Tavares, que também é professor de literatura brasileira na Universidade Federal do Piauí e cordelista, conta que por várias vezes teve que interromper os trabalhos de produção do livro por se emocionar com as histórias. “Não foi um livro fácil de escrever, em muitos momentos fiquei realmente muito emocionado, mas acho que ele cumpre seu papel de falar um pouco sobre esses grandes poetas que infelizmente se foram muito cedo”.

Contato:zozimotavares@ig.com.br

Hay kai da espera

(ao mário quintana)


enquanto você

guarda e aguarda

eu aguardente


(Teresina,02.09.87)




saudade me botou na parede


— há de chorar

mas eu sei que a rede

em que me reparto

é um banquete raro

tanto fino quanto farto


saudade triscou no gatilho

— impossível não prantear


mas eu sinto que o ato

entre o partir e o ficar

é o fico, não o parto.

HOMO

Sua razão de vida o homem vê minguando
a cada dia. Mas duro recomeça
como se o tempo lhe sobrasse. E vagaroso
não conta as eras que se extinguem.
Nem conta a solidão dos dias claros
se desdobrando iguais como esquecidos
de mudar. Nem a distância
que o grito não transpõe, a passagem da vida
cumprida só em mínimos desejos.
Sua lástima no piar das nambus, sóbrio
se esquiva às armadilhas da tarde.
A incerteza nos paióis, o chão batido
em que levanta a casa, o amor
como a água das cabaças.
Lavrador do milho e do feijão, sua frugal colheita
em gleba alheia. Passa-lhe a vida,
e queima o céu com a cinza de suas roças.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


meu por-do-sol

Piauí Terra amada.
Sou filha da terra de Torquato Neto, um anjo torto que
escreveu poesias certas. Da terra que, como disse da Costa e
Silva, outro grande poeta, compositor do nosso hino, é um
céu, se há um céu sobre a terra. Sou da terra da cajuína que
é feita do caju, para quem não sabe, essa é a terra que mais
produz caju e, conseqüentemente a danada da castanha.
Oxente! Eu sou da terra que não faltam coisas gostosas:
manga, carne do sol, doce de caju, paçoca, baião de dois e
maria isabel. Maria isabel, não é pessoa, e sim comida,
feita com arroz e carne-de-sol produzida na minha bela Campo
Maior. E por falar em sol, eu sou da terra que é filha do
sol do equador, por isso é quente feita torrente de amor,
terra das grandes várzeas e chapadas. A chapada do Corisco
troveja tanto que parece show pirotécnico saudando o céu em
noite de festa. Eu sou da terra das serras: das Confusões, e
da Capivara essa é tão arretada de bonita que inspirou o
homem primitivo, é um tesouro histórico de valor
inestimável. Lá está o Parque Nacional Serra da Capivara e o
sítio arqueológico mais importante do Brasil e de todas as
Américas. Deve ser porque essa terra é doce, tão doce que
produz muito mel: de melaço e de abelha. Aqui temos mel para
dar, vender e exportar. É bom dizer que exportação é o que
essa terra mais tem feito. Exportamos também carnaúba, soja,
algodão. Esses produtos levam nossa terra para além mar. O
mesmo mar que é destino do velho monge, nosso rio Parnaíba,
que depois de se encontrar majestosamente com o rio Poty,
vai desaguar em grande estilo formando um dos maiores Deltas
do mundo, o Delta do Parnaíba, o único em mar aberto das
três Américas. Apesar de sua costa se estender por apenas
66hm, o Estado do Piauí é detentor de um privilegiado
ecossistema, constituído por incontáveis ilhas, lagoas,
igarapés e praias de areia fina, coberta por dunas e
coqueirais. Sim, sou da terra que é maior e única em muitas
coisas. Prova disso é a opala, pedra preciosa que só tem em
dois lugares desse grande universo. Para cá vem gente de
tudo quanto é canto, só para se curar. É porque essa terra é
santa e faz bem! Pergunte a quem veio nos visitar se
pretende voltar, ou quem mora aqui, se quer ir embora? Dizem
que é a água, mas pra mim é a terra mesmo, que é tão boa que
até mamona vira combustível. Esse tal de biodiesel é a
maneira mais ecológica de fazer carro andar. Eu sou da
terra, das Sete Cidades de Pedra, da Cachoeira do Urubu, da
Pedra do Castelo, do Morro do Gritador, da Lagoa do Portinho
entre outros tantos lugares paradisíacos. Eu sou da
caatinga, dos cerrados. Eu sou litorânea, sertaneja, sou
ribeirinha. Eu sou da terra, que para a geografia é
Meio-Norte, mas para meu coração sertanejo, matuto,
piauiense representa o mundo inteiro. Piauí, terra
majestosa, altaneira, hospitaleira, por isso seus filhos
amados muito se orgulham de ti. É por essa razão, que a
saudade dos que por algum motivo precisam deixá-la é
imensurável.
Maria josé carvalho coelho

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

OS ÍNDIOS

Poema de Antonio Miranda




I



Também vieram de longe

e plantaram raízes

imemoriais

no jardim de sua eleição

desde a diáspora primeva

da Criação.



Não sabemos se temos

a mesma origem

ou se nascemos já divididos

disputando o mesmo espaço.



Descimentos e preamentos

bandeirantes

dizimaram e escravizaram

índios sem religião

como animais

errantes.





II



Os sobreviventes estão

confinados em reservas

como num zoológico humano.



Duas culturas não podem

ocupar o mesmo lugar:

ou o índio é integrado

à sociedade

e perde a identidade tribal

ou refugia-se na comunidade.



Garimpeiros, pecuaristas

seringueiros e extrativistas

(caraíbas)

avançam com moto-serras.



O índio não é ambicioso

nem ocioso.



A terra é a existência do índio

-terra de todos, comunitária

terra que é partícula

em movimento e assimilação.



Terra e índio: um vive da outra.

Mãe e filho, indivisíveis.



Terra sagrada

de húmus vivo e fértil

de seus antepassados

com que o índio abona

o inhame, o cará e a taioba.



Em que cultiva, caça e pesca

e colhe, apenas quando

e quanto necessita.





III



Para o índio não há amanhã

em qualquer sentido pois

o tempo não existe

em sua percepção:

o movimento do corpo

num ímpeto contínuo

(da vontade em ação)

é que move a rede

(e não os pés e a mão)

como move a vida.



Dias alternam-se sem

alterações e altercações

-de pesca, de fruta acesa

que logo vai compartilhar

no complemento do beiju

do pirarucu e do tucunaré.



O fogo está sempre aceso

na aldeia e almas intermitentes

de dormir e despertar

de morrer e renascer:

um tempo dentro de outro

tempo infinito e cego.



Fogo feito para irmanar-se

depois de buscar a lenha

que não armazena jamais

para não quebrar a rotina.



Um grande poder de concentração

-e de dedicação extrema-

com todo o tempo do mundo

mas sem a noção de tempo.

poemas indigenas


indios_rugendas

ANTOLOGIA DE POESIA INDÍGENA
SOU ÍNDIO E TENHO ORGULHO DE SER ÍNDIO
Eu nasci índio, e quero morrer sendo índio.
Eu sou índio, porque sei dançar o ritual do awê.
Eu sou índio, porque sei contar a história do meu povo.
Eu sou índio, porque nasci na aldeia.
Eu sou índio, porque o meu sistema de viver, de pensar, de trabalhar e de olhar o mundo é diferente do homem branco.
Eu sou índio, porque sempre penso o bem para meu povo e todas as nações indígenas.
Eu sou índio, Pataxó, sou brasileiro, sou caçador, pescador, agricultor, artesão e poeta.
Enfim, sou um lutador que sempre procura a paz.
Sou índio, porque sou unido com meus parentes e todos aqueles que se aproximam de mim.
Sou índio, e tenho orgulho de ser índio
(Kanátyo Pataxó – O povo Pataxó e sua história.)

COMEÇO DO MUNDO
Choram todos.
Buraco fundo muito.
Alguns deitados pendurados (a um cipó Ambé-coroa)
Adultos, adultos deitados pendurados.
Crianças deitadas.
Céu desce, se aproxima; céu baixo, fundo longe.
Árvore não. Saiu muito sangue, o sangue todo.
Aqueles deitados baixo.
Aqueles deitados alto, perto, longe.
Cipós, mato emaranhado (cheio de espinhos, arbustos e cipós)
Põem-se agachados aqueles, longe, perto.
Lá, lá no céu cheio de rachaduras,
Céu rachado, xamãs.
(Índios Yanomamis – Mitopoemas Yãnomam.)

COMEÇO DO MUNDO (adaptação de Mário Chamie)
Todos os yanomami choram.
O buraco é muito fundo.
Alguns estão agarrados a um cipó.
Os adultos e as crianças estão agarrados.
O céu cai.
O céu está em baixo e fundo.
Não existem mais árvores.
Todo o sangue dos yanomami se espalhou.
Alguns yanomami permanecem morando sob a terra.
Outros aqui em cima
Espalhados por perto e por longe.
Outros ainda se agacham espalhados
Entre cipós e mato emaranhado.
Lá, lá o céu cheio de rachaduras;
Está rachado e os xamãs o seguram.
(Mitopoemas Yãnomam.)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Índios em Piripiri

Terça-feira, Abril 08, 2008
Ressurgimento de índios derruba a eficiência da limpeza étnica do Piauí no século 19
O Piauí exterminou seus índios ainda no século 19. Foi o único lugar do mundo onde os conceitos nazista de solução final e sérvio de limpeza étnica foram levados a efeito com absoluto êxito, pelo menos até onde alcança o parco conhecimento deste que assina o post.
Mas ao que parece deu-se um jeito em acabar com a eficiência dos exterminadores de índios do Piauí.
Uma comunidade de ascendentes indígenas foi localizada no Extremo Sul do Piauí. Em vez de se socorrer na Funai, os neo-silvícolas piauienses pediram seu reconhecimento ao Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional. Ressurgem os índios no Piauí não como um grupo social alvo de limpeza étnica dos bandeirantes ruinosos, mas como patrimônio histórico.
Em 19 de abril, dia do índio, a TV Assembléia (Canal 16) apresentará um documentário com esta grande novidade antropológica. O filme vai ao ar às 19 horas. Um furo de reportagem. Menos para o povo de Piripiri, que há tempos convive com uns índios que chegaram por lá e estão até querendo criar uma taba.
posted by Claudio Barros at 17:33

O indio hoje! noticias atuais.


O governador Wellington Dias disse nesta quinta-feira (17), no Museu do Piauí, na solenidade de abertura da VI Semana do índio, que não precisa ser pesquisador para se constatar que no existem nações indígenas, citando como exemplo o município de Queimada Nova, “onde basta apenas olhar para as pessoas”.

Para o governador, é preciso que se restabeleça a verdade, pois a história registra a presença de muitas nações indígenas no Centro, no Sul e no Norte do Piauí, o que ainda não é reconhecido pelo governo federal. Ele quer que esse reconhecimento aconteça até 2009.

Wellington Dias considera inadmissível a versão oficial da história brasileira de que no Piauí não existe índio, acrescentando que já existem estudos suficientes para se reconhecer os indígenas do Estado. “O Piauí tem índio, não há mais qualquer dúvida sobre isso e precisamos recontar a nossa história e a história do Brasil”.

O governador quer que a partir do próximo ano o Dia do Índio tenha um significado maior no Piauí e que não continue apenas como uma data festiva. Acha, inclusive, que o governo estadual deve demarcar e adquirir terras para as comunidades já conhecidas, como forma de apressar o processo de reconhecimento pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Segundo ele, no Piauí já existe um processo avançado para reconhecimento das regiões de Piripiri, no Norte, e de Queimada Nova, no Sul, onde a presença indígena é muito forte. “O problema é que o processo de reconhecimento é muito complicado e precisamos avançar cada vez mais.”
17/04/2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


minha homenagem ao dia do Piauí, anjo torno e o por-do-sol do parque ambiental do acarape.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008




Tacarijus – Habitavam a serra da Ibiapaba, de onde passaram ao pactue. Eram originários do Rio Grande do Norte.

Tapacoás – sub-ramo dos Acaroás, como se vê do relatório da junta governativa de 1775. Por vezes vinham ao S. do Piauí (Parnaguá). Destroçados numa noite de Maio de 1788por uma tropa de 60 homens. Junto dom os Tapacoás mirins sublevaram-se em 1793 nos campos de Parnaguá. Batidos pelo cap. Manuel Ribeiro Soares fugiram para Goiás de onde eram originários. Em 1797 voltaram a ameaçar as fazendas de Parnaguá e Jerumenha, sendo desbaratados por João do Rego Castelo Branco. Pacificados no governo de Carlos César Burlamaqui (1808), atraves de nova expedição sob o comando do cap. José da Cunha Lustosa, auxiliado por Luiz Antonio de Freitas.

Tapuias – Etônimo brasílico. Tapúia significando TÁ – povo e puía ou pui – livre. Era a designação dada pelos Tupis aos indígenas inimigos.

Timbiras – Em 13-7-1728 “fizeram incursão em terras do pactue, na altura do arraial dos Ávila (Jerumenha), então completamente abandonados por ordem do vice-rei do Brasil. Ateiam fogo às rancharias, rústicas palhoças que serviam de abrigo à indiada da casa da torre, e vão ate a fazenda lagoa, 12 léguas adiante, onde fazem depredações e até mesmo homicídio” (Odilon Nunes). EM 1771 João do Rego Castelo Branco, se autorização pra guerra ofensiva, persegue-os, prende mais de 120 e os remete para Oeiras (São João de Sende). Uma leva desses índios, apreendidos por Felix do Rego Castelo Branco em terras de Goiás, foi enviada ao governador geral do Maranhão e Piauí (criado em 1772).
Tremembés – Índios do litoral. De nação Tupi (schwennhagene Abdias Neves) ou Tapuis (Martim Soares Moreno e Odilon Nunes), do ramo Cariri, e que transmitiram o nome de seu grupo ao rio que dominavam em seu curso inferior (rio grande dos tapuias) Abdias da costa neves os classificou em três ramos: Crateús, Potis e Aranis o que já se comprovou para os dois primeiros. Martim soares moreno, que conhecia muito bem a língua tupi, quando anuncia (1613) a paz que fizera com esses índios, diz que eles são Tapuias. Consignados nos primeiros documentos referentes ao N do Brasil, ocuparam por dilatados anos o delta do parnaiba e grande parte do litoral do Maranhão e ceará. Uma das cinco tribos que, efetivamente, habitaram o Piauí. Desde o século XVI mantinham contatos com os brancos. Acolheram Nicolau de Resende em 1571. Recebiam de tribos aliadas e parentes do interior bálsamos (âmbar) e madeiras de lei que trocavam por produtos europeus, especialmente ferramentas e bebidas, com traficantes estrangeiros que buscavam a costa. Mantiveram contato com os franceses do Maranhão e com os holandeses. Jerônimo de Albuquerque maranhão, governador do maranhão (1616), entra em atrito com os jesuítas com o propósito da escravidão desses índios sob o pretexto de que seus soldados fugitivos, que seguiram por terra para Pernambuco, haviam sido devorados pelos silvícolas; promoveu guerra contra os mesmos. Posteriormente ficou provado que os desertores chegaram vivos a Pernambuco. Combatidos em abril de 1679 pela expedição de Vidal Maciel parente ao rio parnaiba. De uma tribo de mais de 300, a maior parte foi dizimada só restando 30 deles. Em 1697 o pe.Miguel carvalho os dizia em paz com os brancos e em 1704 esteve em Lisboa tratando de interesses desse gentio. Rebelaram-se em 1712. Em correrias atravessam o parnaiba e atacam criadores do maranhão. Em 1713 estavam associados à acriús e guanacences contra o domínio português. Os rebeldes Anacés, índio de corso, atacam parnaiba, onde faziam grandes estragos. Nessa ocasião morreu o mestre de campo Antonio da cunha Souto maior. O pe. João Tavares, jesuíta, os aldeou de inicio nas praias de lençóis e Tutóia, como os índios a designavam. A provisão que o credenciava para tal é de 24-4-1723. Foi missionário nessa aldeia o pe.Carlos pereira, depois vice-provincial do maranhão e reitor do colégio de são Luis. A igreja deles esteve encoberta por 50 anos na areia. Sua aldeia ainda existia em 1745, sob a jurisdição de Pernambuco. Talvez desaparecidos logo a expulsão dos jesuítas. Em 1759 estavam em Tutóia (MA), onde eram os mais figurados, valentes e prestimosos índios daquela capitania. O pe. João Tavares pediu e obteve para eles duas léguas de terras na ilha do cajueiro, hoje chamada caju, na foz do rio parnaiba, a qual lhes foi conferida por carta de doação passada em 21-4-1727, pelo governador do maranhão, em nome de quem foram concedidas às terras. Provisão de 25-1-1728, do conselho ultramarinho, dirigida ao governador do estado do maranhão, ordena-lhe defender as aldeias dos índios dessa nação de toda violência e perturbações e os conservasse nas suas terras, fazendo toda diligencia para prender os malfeitores que as danificavam. Essa provisão foi expedida em face da representação feita rei pelo pe.João Tavares. Quem os perturbava era os irmãos João, Jose e Manuel Lopes, e seu primo Manuel da rocha, alem de Dionísio pereira, que viera foragido de Jaguaribe (CE) por mortes e crimes. A provisão mandava acabar com os currais e gado que tivessem colocado naquelas terras, bem como prende-los e manda-los para Angola. Provisão de 21-81741 ao ouvidor do maranhão manda proceder à medição dessas terras, atendendo ao que pediram os padres jesuítas. Posteriormente a ilha passou a pertencer à família Mendonça Clark que nela desenvolve projetos agropecuários e turísticos.

Dicionário histórico e geográfico do estado do Piauí - Cláudio Bastos


Rodeleiros – Guerreiros que, reunidos aos Acaroás e Macoases, infestaram por bastante tempo os estabelecimentos das fazendas conhecidas na época por sertão de rodelas. Eram assim chamados por combaterem com rodelas muito grandes de madeira, que usavam como escudos. Moravam nas cabeceiras do Gurguéia. O governo declarou-lhes guerra em virtude de C.R. de 17-12-1699.

Tabajaras – índios tapuias. Uma das cinco tribos que efetivamente habitaram o Piauí. Povoaram a bacia do parnaiba. Os primeiros Tabajaras, moradores da Ibiapaba, onde estiveram aldeados em 1607, de 1656 a 1662 e em 1695, eram descendentes dos que vieram pelo São Francisco acima, atravessaram os sertões que formam o divisor de águas, alcançando o Piauí, a serra do Araripe e, finalmente, Ibiapaba que lhes serviria de moradia por largos anos e, onde, mais tarde, chegaram novas levas vindas pelo litoral. Em 1693 e 1694 os jesuítas começaram a transferi-los, em numero de 2.000, para o litoral. O péssimo inverno os fez retornar à serra da Ibiapaba. Guerrearam os Crateús quase exterminando-os, tentando vingar-se da morte do pe.Francisco Pinto, em 1608.



Pimenteiras – Ramo dos Caraíbas. Emigrados do São Francisco. Aires de Casal conjeturou serem descendentes de vários casais que viviam domesticados com os brancos nas imediações de Cabrobó (PE). Entretanto, quando se fizeram suas primeiras presas não se encontravam intérpretes, nem Acaroás, nem Gueguês, nem Jaicós, nem os que conheciam a língua geral que os entendessem ou fizessem entender. Eram da família karib (ou caribe). Habitavam Parnaguá, entre as cabeceiras do Piauí e as do gurguéia, nos limites de Pernambuco, em terras do atual município de Caracol. Eram assim chamados em razão do sitio onde habitavam. Estiveram, também, nas terras confinantes com os estados do Tocantins e maranhão. Desertaram de suas aldeias por volta de 1685 para não acompanharem os bandeirantes que faziam guerra aos indígenas.
Por volta de 1770 começam suas andanças pelas cabeceiras do Piauí. Recolheram-se ao centro, unindo-se a outra nação selvagem. Agricultores plantavam legumes de caroço sempre em terrenos férteis. Cultuavam o ritual do casamento, que consistia em armar duas redes, uma em cima da outra, nas quais deitando-se o marido, na de baixo e a mulher na de cima. Os pais lhe faziam entrega dos seus dotes, representados por cabaças, cuias, arcos e flechas e algumas coisas indispensáveis para o provimento de suas necessidades. Acabado este ato solene, julgavam-se casados. Com a morte de um dos conjugues a preferência ao segundo casamento cabia ao cunhado ou cunhada. Foram guerreados por longo tempo, Em 5-2-1811 o governador da capitania oficia a José Dias Soares, nomeando-o cmte. Da tropa expedicionária que os deveria reduzir à obediência ou afugentá-los. Em oficio de 6-6 do mesmo ano o governador do maranhão recomenda ao governador do Piauí imediata repressão aos excessos e depredações desses índios, internando-os. Ficava para isso autorizados a retirar do cofre das multas o que fosse necessário. No inicio do séc. XIX ainda encontraram-se 80 deles. Em 1813 estavam quase extintos. Na ribeira do Piaui existiam, em março de 1826, seis índias grandes e 10 pequenas já domesticadas e um cristão, José Dias Brabo, criado entre o gentio.

Potis – índios Tapuias. Sub-ramo dos Tremembés. Habitavam a foz do rio Poti. Oriundos provavelmente do Rio Grande do Norte ou suas fronteiras com o Ceará. O capitão Domingos Rodrigues de Carvalho os imprensou alem do rio Parnaiba para os lados do Maranhão. Rebelaram-se em 1712. Em correria atravessara o parnaiba e atacaram fazendeiros de gado do maranhão. Os homens tinham o cabelo comprido até a cintura, às vezes trançado ou ainda enastrados (enfeitados) com fitas de fio de algodão. As mulheres andavam com cabelos tosquiados e usavam franjas de fios de algodão. Cantavam, e os lábios eram furados e acomodavam pedras roliças e compridas.

Precatis – Talvez paracatis. Habitavam o rio Uruçuí e ambas as margens do rio parnaiba, em seu curso inferior. Em 1701 Francisco Dias da Siqueira conclui a guerra contra esses e outros índios do maranhão. Deles dizia o pe. Miguel Carvalho (1697) que se enterravam debaixo da terra para surpreender os brancos e que com a barriga amarrava com cordas corriam mais do que cavalos, tocando a terra com a ponta dos pés.

Reriuiús – tapuias. Dominavam parte das terras que ficam entre a Ibiapaba e o litoral.


terça-feira, 14 de outubro de 2008




Os bandeirantes levavam arcabuzes, bacamartes, pistolas, chumbo e p�lvora, machados, facas, foices e cordas para prender e conduzir os �ndios escravizados. Apesar de representados, em pinturas e esculturas, como homens bem vestidos, andavam descal�os, usando grandes chap�us de abas largas e gib�es de algod�o acolchoados para se proteger das flechas. Caminhavam em fila indiana, uma influ�ncia ind�gena. Durante o tempo que passavam no sert�o, o alimento b�sico era a "farinha de guerra", feita de mandioca cozida e compactada, al�m do que encontrassem na mata. Dependiam da ca�a, da pesca, das ervas e ra�zes, do mel silvestre e, quando adoeciam recorriam aos recursos da flora e da fauna utilizados na "medicina" ind�gena, conhecidos mais tarde, em toda a Col�nia, como "rem�dios de paulistas".

Com o tempo, passaram a plantar ro�as de subsist�ncia ao longo dos caminhos percorridos, que eram colhidas na volta ou deixadas para outras bandeiras.

um pouco sobre Domingos jorge velho



Durante o século XVII, muitos foram os bandeirantes paulistas que andaram pelo Nordeste no encalço de índios para o trabalho na lavoura. O que mais se destacou entre eles foi Domingos Jorge Velho, nascido na vila de Parnaíba (São Paulo), em 1614. For volta de 1670, encontrava-se no Nordeste, quando foi convidado por Francisco Garcia d'Ávila, proprietário da Casa da Torre, na Bahia, para esmagar os índios da região do rio São Francisco. O objetivo dessa campanha era estabelecer estâncias de criação de gado naquela área, atividade que também atraía o interesse do bandeirante. Domingos Jorge Velho chegou mesmo a ter uma fazenda de gado no oeste de Pemambuco, onde fundou a povoação de Sobrado. Entre 1674 e 1680, acompanhou Domingos Afonso, conhecido como Sertão, em uma expedição que explorou o Piauí, percorrendo depois o Maranhão e o Ceará, onde realizou ações de extermínio dos índios ainda não submetidos ao domínio do homem branco. Foi a partir dessa expedição que começou a ocupação do Piauí. Vieram depois colonos e gado que, atravessando a fronteira de Pernambuco e da Bahia, penetraram na região. Assim, a corrente de povoamento que colonizou o Piauí partiu do sertão para o litoral, ao contrário do que aconteceu em outras áreas. Isso explica por que a forma geográfica desse Estado apresenta-se mais larga no interior do que na costa litorânea. Em 1685, o governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, convocou Domingos jorge Velho para combater os negros do quilombo de Palmares, no sertão de Alagoas. Mas foi só a partir de 1692 que o bandeirante moveu a guerra contra os escravos rebeldes. Em novembro de 1695, Palmares havia deixado de existir e Domingos Jorge Velho lançava-se a novas aventuras. Em 1697, o bispo de Pemambuco escrevia sobre ele: "Este homem é um dos maiores selvagens com que tenho topado (...) tendo sido sua vida, (...) até o presente, andar metido pelos matos à caça de índios, e de índias, estas para o exercício das suas torpezas, e aqueles para o granjeio de seus interesses". Domingos Jorge Velho morreu em 1703, na Paraíba, sem nunca ter voltado à capitania natal.

Povoamento, como tudo começou...



Povoamento nativo e povoamento colonial
O significado do povoamento é uma questão importante que surge para se compreender melhor a
sociedade piauiense do século XVIII para o XIX: a “conquista do território” foi uma verdadeira guerra
de extermínio provocando o despovoamento dos nativos, os habitantes dos sertões quando chegou o
preador, o colonizador, o criador que se arma “até os dentes” contra os nativos que na visão daqueles,
“perturbavam tranqüilidade dos colonos”. Ora, os nativos foram expropriados, vilipendiados,
escravizados, aldeados para que surgisse uma outra sociedade e entram para a história como selvagens
que faziam arruaças, ameaças, correrias, violências?
Nesse sentido, tenciona-se aqui reforçar a discussão sobre o significado de conceitos como “conquista”
“descobrimento” ou “invasão”, para mostrar que o povoamento colonial gerou um despovoamento nativo
e que, portanto, o processo de colonização desenrolou-se sob a égide da destruição de um povo.
O chamado “povoamento do Piauí” pelo colonizador branco representou também o despovoamento
de sua população nativa; com o final da guerra da colonização, o Piauí estava despovoado de nativos.
No lugar deles formou-se uma outra população, exógena, livre e escrava constituída por uma mistura
do nativo, do negro e do branco colonizador, os elementos étnicos predominantes na sociedade
brasileira: a estratificação nativa é substituída pela colonial escravista9.
A idéia de “conquista do território piauiense”, é intensamente usada pela historiografia reproduzindo
que o colonizador europeu inculcou durante séculos, servindo como justificativa à mortandade praticada
contra os nativos, para se apoderarem de suas riquezas e torná-los escravos. A concepção de ocupação
e povoamento perpassa por toda a historiografia brasileira, da mais tradicional a mais moderna, bem
como a idéia de descobrimento, aparecendo como acontecimentos naturais no universo de uma nova
ordem comandada por Portugal, um episódio da expansão ultramarina européia10.
A conquista aqui é vista como invasão das terras. Como tem sido dito atualmente por estudiosos, a
América foi invadida e não descoberta. Esta mesma interpretação pode ser perfeitamente relacionada
ao Piauí. Claro que para o europeu, que chegou aqui com o objetivo de se apossar de tudo, é um ato
de conquista, mas sob o ponto de vista dos nativos, foi uma invasão. A conquista foi sempre mostrada
como um direito do europeu por ter “descoberto” as novas terras. O termo “descobrir” é pleno de um
sentido de dominação que justificou a “conquista” por meio de um brutal sistema de colonização11.
A historiografia piauiense incorporou e reproduz tradicionalmente a idéia de “conquista do território”
descoberta, ocupação e povoamento para explicar a ocupação das terras dos nativos e em geral
focaliza a implantação das fazendas de gado, o comércio, a organização do poder a partir das
famílias latifundiárias, dando pouco destaque à existência de uma população dizimada pela guerra,
sem se dar conta de que esses conceitos valorizam unilateralmente a perspectiva do colonizador,
apagando e até mesmo menosprezando a existência de uma outra população no cenário onde se
desenrolou a história da colonização.
Essa visão foi introduzida pela documentação utilizada por uma geração de escritores-historiadores
que apenas reproduziram-na quase que literalmente, de alguma forma seguindo a tradição da
historiografia brasileira que também difunde a idéia unilateral de conquista do território pelo
colonizador, quase como um direito por ser mais poderoso e rico, impondo-se sobre uma população
de selvagens indígenas.

Claudete Maria Miranda Dias. Mestrado em História do Brasil. Universidade Federal do Piauí. E-mail:
clau@ufpi.br

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

fonte:dicionario histórico e geográfico do Piauí



João Marcelino – Principal dos índios Acaroás (1823), aldeados em São Gonçalo de Amarante (1811). Em fins de 1811 foi por terra a capitania de Minas Gerais, queixar-se ao conde da Palma de que os homens do Piauí, principalmente o pe. Que os dirigia, lhe queriam tomar as terras, além de outras injustiças que praticavam. O conde o mandou ao Rio de Janeiro, a fim de apresentar pessoalmente ao Príncipe Regente a sua queixa e este, depois de ouvi-lo, deferiu benignamente, enchendo-o de honras e presentes.

Nongazes – indicados pelo pe. Miguel Carvalho como antropófagos (1697). Moravam em um riacho que entra no Parnaíba.

Orizes-procazes – Índios Tapuias que viviam nas serras do Nhumarama e cassucá, na Bahia, Depois de hostilizarem por bastantes anos, apoderando-se até das boiadas que desciam pela estrada real do Piauí para Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, e zombarem de todas as forças contra eles enviadas, submeteram-se (1715) graças à solitude evangélica do vigário de Itapicuru (MA), pe. Eusébio Dias Passos Lima, que me três dias batizou a 3.700 desses índios e celebrou grande número de casamentos. Desses feitos o jornalista português José Freire de monterroio Mascarenhas escreveu memória descritiva intitulada “Orizes conquistados” (Lisboa 1716).

Pilões – Índios que habitavam o local onde hoje é o sitio canto dos caboclos, em Angical do Piauí. Ali existem vestígios de sua passagem como: cercas de pedras, furnas e pilões. Admite-se que boa parte de seus atuais habitantes seja descendentes desses índios.




Cupinharões – uma das tribos que, efetivamente, habitaram o Piauí. Eram do Maranhão.
Localizavam-se em ambas as margens do Parnaiba, em seu curso inferior. Povoaram a bacia oriental do Parnaíba, mas por pouco tempo. Eram tapuias e ocupavam o Canindé.
Mantiveram contato com os devassadores do território do Piauí, convertendo-se em aliados destes, para mais tarde lhes oferecer resistência e, enfim, abandonar a bacia ocidental do Parnaiba. Eram peritos rastejadores. Quando da passagem do pe. Miguel carvalho (1697) eram citados como tendo feito grandes danos à povoação. Combatidos por Francisco Dias de Siqueira. Concluiu-se em 1701 a guerra contra esses e outros indígenas do Piauí.

Curatês – índios do curso inferior do Parnaiba (ambas as margens).

Galaches – índios. Em 1674 foram combatidos pela bandeira de Francisco Dias d’avila na foz do salitre. Fugiram em direção a serra dois irmãos.


Gamelas – índios Maranhenses, provável ramo dos Timbiras. Combatidos por Felix do Rego Castelo Branco (1793), que aprisiona 60 deles e os traz para os aldeamentos locais. Habitando a margem do Parnaiba, emigraram para o Maranhão depois do levante geral de 1712. Fracassou a idéia de aldeá-los no Mulato.

Gilbués – habitavam a região da atual cidade do mesmo nome. Galúcio (1761) os localizou nas proximidades da foz do Uruçuí-Mirim.

Goaras – habitavam o Parnaiba. Pe. M.C. (1697).


Goyias – moravam no Mearim, Maranhão. Citados pelo pe. M.C. (1697).

Guacupês – índios da região do Parnaguá. Apaziguados por Francisco Dias Siqueira.

Guajajaras – fizeram incursões em Santa Filomena (1854).

Guaicunduces – ao longo do Parnaiba, provavelmente em seu curso inferior, encontrados pela missão de Vital Maciel Parente (abril de 1679).

Guanacences – em 1713 associaram-se aos Acriús, Anacés e Tremembés contra os Portugueses.

Guanarés – Eram parentes dos Aroases e dos Barbados. Habitavam a ribeira do Parnaíba (1731). Guerreavam associados aos Araís. Premidos pelo cap.Antônio Almeida apresentam-se a Bernardo Carvalho Aguiar, em seu arraial do Maranhão, pedindo paz (entre 1721 e 1725). Tinham, então, por chefe a Corijús.

Guaranis – habitavam as margens do Parnaíba, emigrando para o Maranhão e o interior do Pará, depois do levante geral de 1712.

Gutamês – índios citados pelo pe. M.C. (1697). Moravam no rio mearim (MA).

Longas – Índios também chamados Alongares, Alongás e Alongases. Habitavam a região atual de alto longa, à margem direita do rio longa. Antes de 1697 haviam fugido para serra da Ibiapaba, com medo dos brancos. Em 1712 levantam-se. Em correrias atravessam o Parnaiba e atacam fazendas do Maranhão. Pacificados pelo mestre de campo Bernardo Carvalho de Aguiar, em 1721. Aldeados pelos jesuítas da serra da Ibiapaba, a partir de 1756 (pe. Cláudio melo).

Macoases – Também chamados macamasus ou macoás. O pe. Miguel Carvalho (1697) os dizia moradores no Moni e Igará. O governo declarou-lhes guerra em virtude de C.R. de 17/12/1699. Reunidos aos Acaroás e Rodeleiros infestaram por bastante tempo os estabelecimentos das fazendas da região conhecida, na época, por sertão de rodelas.


Ananás - índios da região de parnaguá submetidos por Francisco Dias da Siqueira, que com eles fez a paz.



Anaperís – índios que assolavam as margens do Parnaíba. Sendo combatidos em 1731. Provisão régia de 31-08-1731 trata da licença impetrada por Miguel da Silva Pereira, morador na ribeira do Parnaíba, para fazer guerra às suas custas ao gentio Aranis, Anapeis, Iaçuis e outros.

Anapurus – Também grafados como Amapurus e conhecidos por Aroquanguiras. Habitavam ao longo do Parnaíba entre Piauí e Maranhão, provavelmente em seu curso inferior. Foram encontrados pela missão de Vital Maciel Parente (abril de 1679). Concluiu-se em 1701 a guerra contra esses e outros indígenas da região. Em 1703 pediram aldeamento, mas em pouco tempo voltaram a perturbar os colonos. C.R. de 16-04-1709, ao governador do Maranhão, comunicava o auxilio de 600 índios da serra da Ibiapaba para dar guerra a esses índios. Em 1728 já estavam aldeados na margem esquerda do Parnaíba, ao N. do Maranhão, a duas léguas do arraial de Bernardo Carvalho de Aguiar. Viviam em ambas as margens do Parnaiba, quando foram combatidos por Francisco Dias da Siqueira.

Anicoás – Moravam nas cabeceiras do rio Preto. O pe. Miguel carvalho (1697) os dizia antropófagos, o que não se comprovou.

Araçús – índios que se retiraram para serra da ibiapaba.
Araiós – segundo pe. Miguel carvalho (1697) eram moradores das cabeceiras do poti.
Araís – índios na ribeira do Parnaiba (1731) Guerreavam aliados aos Guanarés.

Aranís – Também chamados de Aranhez. Ao que se presume sub-ramo dos tremembés. Estavam na ribeira do Parnaíba (1697 e 1731). Foram combatidos em 1766,1722 e 1726. Provisão régia de 31-08-1731 trata da licença impetrada por Manuel da Silva Pereira, morador na ribeira do Parnaíba, para fazer guerra às suas custas ao gentio Aranis, Anaperis, Iaçuí e outros. Portaria de 11-101758 do governador do estado do Maranhão e Piauí concedeu licença ao principal desses índios para transportar para o lugar São Felix da Boa Vista, nos limites da freguesia de São Bento de Balsas, vizinha do rio Parnaíba, com as famílias da mesma nação, e irem gozar naquela notável situação dos grandes interesses que na mesma se lhe ofereciam, sob a conduta do cap. João do Rego Castelo Branco. Entre os que os combateram figura Bernardo Carvalho de Aguiar.


Aroases – Também chamados Aroás, Aroachises ou Aroatises. Tapuias. Guerreiros. Os mais bravos entre todos. Povoavam a bacia do Parnaíba. Eram parentes dos Guanarés e dos Barbados, que, quando conhecidos, já demoravam na margem esquerda do Parnaíba. Uma das tribos que efetivamente habitaram o Piauí. Em Janeiro de 1697 firmaram paz com o des. Manuel Nunes Colares, da relação da Bahia, que transitava pelo território do Piauí. Nessa época habitavam as margens do sambito, afluente do poti. Em 1712 levantam-se e, em correrias, atravessam o Parnaíba, atacando fazendas do Maranhão, premidos pelo cap.Antônio Almeida apresentam-se a Bernardo Carvalho de Aguiar, Em seu arraial do maranhão, pedindo paz, isso entre 1721/5. nessa época, tinham por chefe a Angulis. Aldeados às margens do sambito, pelo pe.Gabriel



PIAGUHY - grafia antiga do nome Piauí.
PIAGUY – grafia antiga do nome - em fenício significa “casa dos Piagas” (igreja). Derivação de piaga ou propagador da religião.
Piauí – nome indígena-literalmente rio dos Piaus ou rio dos peixes grandes.

ABIUNHAM – Uma das denominações dadas ao rio Parnaíba por Desceliers (1550) e Bartolomeu Velho (1561).

Acriús – índios. Em 1713 associaram-se aos Anacés, Guanacences e Tremembés contra os portugueses.

Aindoduçús – índios ao longo do Parnaíba, provavelmente em curso inferior, encontrados pela missão de Vital Maciel Parente (abril de 1679).

Aitatús – Habitavam o Parnaguá e as margens dos rios Gurguéias e Uruçuí e, ainda, as terras confinantes com os estados do Maranhão e Goiás. Ficavam abaixo dos Acaroás, da mesma forma que os Amoipiras. Passaram ao Maranhão após o levante geral de 1712.

Amanajós – Bugyja Brito os considera como do grupo Jaicós. Em 1763 passaram para o Piauí grandes malocas de índios bravos dessa nação, vindas do Maranhão. Habitavam o centro-sul do estado. As suas terras alcançavam os atuais municípios de Jaicós, Itainópoles, Jerumenha e Oeiras. Para contê-los em seus limites, o governador João Pereira Caldas manda dar-lhes ferramentas.

Amoipira – chefe indígena que deu nome aos índios dessa nação (Amoipiras).

AMOIPIRAS - INDIOS DA NAÇÃO TUPI. - Também chamados Abetiras. Povoaram a bacia oriental do Parnaíba, mas por pouco tempo. Uma das tribos que efetivamente habitaram o Piauí. Localizavam-se abaixo dos Aitatus. Vieram ao Piauí pelo rio São Francisco, cuja margem esquerda ocupavam a 150 léguas de Salvador (BA). Em 1655 já haviam atravessado o grande sertão que fica no permeio entre esse rio e o Parnaíba. Povoaram os campos do S. do estado, notadamente Parnaguá e as margens dos rios Gurguéia e Uruçuí e, ainda, as terras confinantes com os estados do Maranhão e Goiás, da mesma forma que os Aitatús. Eram mansos, dóceis e da língua geral. Cortavam árvores com as ferramentas de pedra. Os homens usavam cabelos da cabeça copados e aparados ao longo das orelhas. As mulheres o tinham comprido. Pescavam com espinhos tortos que lhes serviam de anzóis. Beiços furados e com pedras neles. Pintavam-se de jenipapo. Na guerra usavam tambores. A eles se juntaram tribos dos Termiminós e eram considerados galhos dos Tupinambás, de Pernambuco. Suas terras, em 1686, foram doadas pelo governador João da Cunha Souto Maior a Domingos Jorge velho. Teve como principal a Amoipira, que deu nome à nação. Emigraram após levante geral de 1712, passando ao Maranhão.

Anaçús – índios descritos pelo pe.Miguel carvalho (1697). Moravam com os caboclos na serra da Ibiapaba, para a qual se retiraram com medo dos brancos.

Anaiós – foram combatidos pela bandeira de Francisco dias d’ávila na foz do rio Salitre.fugiram em direção à serra dos dois irmãos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Indios no Piauí



Eles não falam mais a língua mãe, não vivem em aldeias, são pobres, sem terra demarcada e foram superexpostos a elementos de uma cultura diferente (aculturados). Mesmo assim, ainda guardam traços de sua origem - como o artesanato - e se reconhecem como índios. Estes são os índios do Piauí, que de acordo com o censo do IBGE de 2000 contam com mais de dois mil representantes.
Os descendentes dos índios Tabajaras da região da Serra da Ibiabapa, na fronteira entre o Piauí e o Ceará, que migraram para o lado do Piauí têm uma comunidade que tenta ser reconhecida e se organizar. Trata-se dos Tabajaras radicados no município de Piripiri, a 173 km de Teresina. Neste 19 de abril, Dia do Índio, representantes do grupo estão em Teresina participando das comemorações pela data na Casa Odilon Nunes (Museu do Piauí).
Antropólogo e especialista em etnologia indígena, Helder de Sousa, explica que desde 2005 foi fundada a Associação Itacoatiara, em Piripiri, para lutar pelas questões dos Tabajaras. "A principal questão é a terra. São em torno de 140 pessoas quem mantêm o artesanato em madeira e fibra. Nosso objetivo maior na associação é juntar essas pessoas que se reconhecem como índios", diz o antropólogo.
Francisco Alves de Oliveira, o Baiano, 70 anos, é um dos descendentes dos Tabajaras no Piauí e que ainda mantém o ofício do artesanato. "Eu faço colher de pau, pilão, gamelas. Tudo com madeira e vivo desse artesanato. Uso para confecção madeira de Piquiá e Jatobá", conta acrescentando que aprendeu sua arte com o pai.
Outro representante desse povo que vive do artesanato é Antônio Leite Lima, mas não do artesanato dos seus antepassados. "Faço peças reciclando borracha", observa. Ele fala que em Piripiri cada um vive em seu bairro, mas o desejo é ter uma terra demarcada para que se forme uma aldeia.
De acordo com a diretora do Museu do Piauí, Dora Medeiros, o município que tem o maior número de pessoas que se reconhecem como índios, de acordo com o censo de 2000, é Esperantina. No passado, as nações indígenas que habitaram o Piauí foram: Pimenteira, Tabajara, Jaicó, Timbira, Gueguê, Tremembé e Acroá.

Por Adriana Cláutenes Lemos

Cariris



Ramo dos Tapuias, também chamados Quiriris. A maior parte dos índios do Piauí era do ramo cariri, cuja palavra significa tristonho, calado, silencioso. Os Cariris constituem ainda problema obscuro para os etnólogos. Uns classificam-nos como grupo autônomo; outros, como mestiços resultantes de aruaques e caraíbas, e ainda outros, misturas de tupis e tapuias. Em verdade, há contatos culturais entre os cariris e os aruaques e caraíbas. Deles descendem os Tremembés e deste os Crateús, potis e Aranhis. Ocupavam a região dos rios Itain (poti) e piracuruca. Eles Foram destroçados pelo mestre de campo Francisco Dias dávila. O paulista João Pires de Brito, por volta de 1700/01, combateu-os nas chapadas e tabuleiros de Piracuruca, juntamente com Francisco Dias Siqueira.

Grandes Guerreiros



NAÇÃO ACAROÁS




índios tapuias, também chamados coeras e coroados. mesma origem étnica dos gurgueias,embora inimigos destes.pouco divergiam quanto a língua que seria caraíba.são conhecidos no Piauí desde 1678,quando foram combatidos por francisco dias d’avila até 1680.originariamente dimiciliados no Tocantins ,em começos de inverno aqui apareciam,indo ate as proximidades de parnaguá onde, em 1692, na lagoa do mesmo nome foram novamente repelidos pelo mestre de campo francisco dias d’avila.
Estiveram presentes no arraial dos paulistas. Só existem registros de depredações após terem sido guerreados e, provavelmente como represália. O governo declarou-lhes guerra em virtude de C.R. (carta regia) DE 17-12-1699. Esses índios reunidos ao macoases e rodeleiros infestaram por bastante tempo os estabelecimentos e fazendas da região conhecida, na época, por sertão de rodelas. Perseguidos em 1711 por João do rego castelo branco, cabo piauiense, que foi parar no Tocantins. São aprisionados cerca de 100 que descem com a tribo. Em Oeiras, os menores são distribuídos entre os moradores e enviados para o Maranhão 70 adultos. reduzidos pelos jesuítas, fundaram em 1751 a povoação de são José do duro (Dianápolis – GO). Provisão de 22-5-1751, do governador do Maranhão, mandou fazer guerra contra eles. o governador Diogo de Mendonça corte real ordenou, em 1753, que se abstivessem de continuar a guerra contra essa nação,deixando suas terras se lá estivessem,e só guerreassem contra os Gurguéias conforme determinara sua majestade.No ano de 1764 estavam guerreando contra os Gurguéias. Em 1770 começou a conquista dos Acaroás. No verão de 1772, acossado pela luta, seu principal – bruenque foi de oeiras a Amarante, em menos de 24 horas, a pé. Em julho de 1772 quase 900 acaroas arrancharam-se nos Subúrbios de oeiras, donde em poucos seguiram para o novo arraial de são Gonçalo de Amarante, nas cabeceiras do mulato, em Regeneração.com eles foram aí também aldeados os Gurguéias. Em 21-12-1772 era seu capelão fr.José da silva pinheiro. Em principio de 1773 começam as fugas, para em dois anos completarem o abandono total, indo para São José do duro. É quando marcha contra os rebeldes o ajudante Félix do rego castelo branco, por ordem do governador da capitania, e os reduz à obediência após cometer contra eles toda sorte de perversidades, chegando até a mandar fincar em portes no centro da aldeia as cabeças dos autores do levante. Relatório de 1775, da junta governativa, os dizia em boas terras e “prometiam duração e aumento”. Em 1778 domingos Massaroni É enviado de Portugal com a incumbência de dirigi-los, o que não pode fazer por já estarem dispersos. Na expedição de 15-4-1779 João do rego os cerca nas nascentes do rio Piauí, junto aos pimenteiras. Em 1794, acaroas, Gurguéias e Jaicós Já haviam abandonado suas aldeias e se encontravam a solto, espalhados pela capitania. Em 1823 João Marcelino, Seu principal comandava apenas 45 remanescentes desse gentio. Em 1851 já estavam mesclados com a presença de alguns aventureiros. Estão entre os que mais resistiram ao extermínio.

Gurguéias



Índios de corso que por vezes incursionavam no Piauí. Mesma origem étnica dos Acaroás, de quem eram inimigos. Pouco divergiam quanto à língua. Ocupavam o extremo sul do Maranhão. Vieram ao Piauí à época das primeiras incursões dos exploradores da casa da torre. Viviam às margens do rio a quem deram nome, nas cabeceiras do Parnaíba. Combatidos pela bandeira de Francisco Dias D’avila (1674/76), fugiram em direção a serra dois irmãos, em rumo do poente. É nessa ocasião que transmitem seu nome a um dos notáveis afluentes do Parnaíba. A perseguição feita aos mesmo resultou, em 1- 6 – 1676, em mais de 400 degolados e mulheres e crianças reduzidas à escravidão. O local da carnificina ficava a 6 ou 7 dias do salitre, bem longe do rio Gurguéia. Em janeiro de 1697 os índios haviam firmado paz com o des. Manuel Nunes colares, da relação da Bahia, que transitava pelo Piauí. Em 1753 o governador Diogo de Mendonça corte real manda suspender a guerra contra os acaroás e só guerrearem contra os gurguéias, como determinara sua majestade. Em 1-4-1764 parte de oeiras uma expedição militar sob o comando do capitão João do rego castelo branco contra esses índios, situados nas margens do gurguéia e que se haviam levantado. Tem um primeiro contato com eles, no baixo gurguéia, nas proximidades da confluência deste com o Parnaíba. Os índios haviam entrado em atrito com o fazendeiro Antônio de Siqueira barros. refluem ao maranhão onde são atacados por João do rego já em terras timbiras. Em represália, se reagrupam atacando castelo, são Lourenço, golfos, são Francisco, morros e carnaúba. Todas essas fazendas no município de Jerumenha, onde queimam,depredam e matam. O destino de João do rego era parnaguá, onde deveria receber reforços das tropas de Manuel de barros rego e passar ao maranhão para uma segunda entrada contra os indígenas. Novamente parnaguá deixa de colaborar. As primeiras presas chegam a Oeiras em numero de 143, trazidas pelo tte. João Rodrigues bezerra. Ao todo foram recebidos em torno de 350 prisioneiros. João do rego mantem um encontro amistoso com os Gurguéias, na margem ocidental do Urucuí, trocam-se prisioneiros e os índios solicitam ajuda em sua guerra contra os Acaroás. Quatro chefes vão à oeiras que ajusta a paz, permitindo-se que plantassem roças na barra do Poti, às margens do Parnaíba. Dois índios participaram como mediadores – Manuel matos e Brás Ferreira. Criou-se para os índios uma escola. Em novembro de 1765 chegam a oeiras em numero de 400, sendo aldeados em São João de sende, confiados a João do rego castelo branco e a um frade franciscano, tirado de Jaicós. A eles foram anexados os Aroases dispersos pelas fazendas. São novamente guerreados em 1770. É a esses índios, que em suas correrias percorriam também as margens dos rios Urucuí e Parnaíba, a quem alguns autores atribuem às inscrições rupestres, gravadas nas abas de diversos rochedos que encontram no Piauí. Em 1772, juntamente com os acaroás, foram aldeados em são Gonçalo de amarante. Em 1775 cogitou-se de transferi-los de São João de sende para Campo Maior, à margem do Poti. Rebelam-se, novamente, e, 9-7-1778. Em 15-4-1779, nova expedição parte de Oeiras para combatê-los e aos acaroás e jaicós, nas cabeceiras do rio Piauí, sob o comando de João do rego castelo branco. Abandonam sua aldeia e seguem para cana-brava, em rumo da chapada Grande. Presos, fogem novamente, em setembro, 1778, desta vez para Goiás. Em 1794 Acaroás, gurguéias e Jaicós já haviam abandonado suas aldeias e se encontravam a solto, espalhados pela capitania.

Crateús





Índios tapuias. Também chamados Carajirús ou Caratiús. Sub-ramo dos Tremembés. Habitavam as cabeceiras do Poti, de onde foram expulsos mais para o N. Concluiu-se, em 1701, a guerra contra esses e outros indígenas do Maranhão e do Piauí. Levaram desassossego ao ceará e ao Piauí, no que foram reprimidos pelo governo de Pernambuco, quando em 28/10/1708 determinou ao cap. Bernardo Coelho de Andrade que fizesse guerra crua ao gentio bárbaro dessa nação e dos crateús-mirins, cujas presas deverias ser levadas à sua presença para se tirar o quinto real e distribuírem os demais. Quase foram exterminados pelos Tabajaras, vingando a morte de pe. Francisco Pinto, em 1608.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008


Delta do Parnaíba
Antes da chegada dos colonizadores, a região do Delta do Parnaíba era ocupada por índios Tremembés. Os índios eram grandes nadadores conhecidos como “peixes nacionais”. Entre os anos de 1571 e 1614, uma série de excursões chegaram ao local, atraídas pelas notícias da grandiosidade do rio que cortava a região. Eram navegadores, aventureiros, jesuítas e pesquisadores que desbravavam a região muito antes dos bandeirantes.

Um desses navegadores, Nicolau Resende, naufragou na foz do rio e perdeu toneladas de ouro, o que o levou a passar cerca de 16 anos na região em busca de seu tesouro. A descoberta do Delta do Parnaiba, o único em mar aberto das Américas, é atribuida a ele.

Na época, por causa da Carta Régia de 1701 que só permitia a criação de gado a uma distância de 10 léguas do litoral, a economia da futura província do Piauí era interiorizada, uma vez que a pecuária era sua base. Além disso, essa determinação obrigou comerciantes e contrabandistas a usarem o Rio Parnaíba como via transportadora, já que era impraticável o trajeto terrestre.

Por isso, foi criado um entreposto para a guarda de animais e acondicionamento da carne bovina. A esse local foi dado o nome de Porto Salgado ou das Barcas, que acabou propiciando o desenvolvimento de uma indústria charqueadora na região e de um dos núcleos que deram origem a cidade de Parnaíba.

O outro núcleo gerador da cidade foi o arraial Testa Branca, que anteriormente era uma fazenda de gado que não oferecia chances de desenvolvimento. Em 20 de setembro de 1759, João Pereira Caldas, o então governador da província do Piauí, fundou a Vila de São José da Parnaíba e misteriosamente escolheu como sede o arraial Testa Branca, com a promessa, nunca cumprida, de que fossem construídas 59 casas o que acabou gerando insatisfação nas comunidades adjacentes do Porto das Barcas.

Em 1769, a Câmara instalada na região portuária que administrava a vila proibiu a construção de novas edificações em Testa Branca e no ano seguinte, o governador Gonçalo Botelho de Castro, transferiu definitivamente a sede para o porto. Foi também em 1770 que foi iniciada a construção da igreja de Nossa Senhora da Graça, hoje uma das poucas catedrais em estilo barroco do Estado.

Com o passar do tempo, a vila ganhou destaque, desenvolveu-se, tornou-se um centro de difusão de cultura e de novas idéias por concentrar uma elite intelectual que começava a querer intervir na política nacional. Por vezes, as notícias chegavam antes na vila do que na capital e foi neste contexto que Simplício Dias da Silva, rico fazendeiro e homem de prestígio, no dia 19 de outubro de 1822, proclamou adesão da vila a independência da colônia. Por ter sido a primeira Vila do Norte do Brasil a proclamar a Independência, Parnaíba foi agraciada pelo Imperador Dom Pedro I, com o título de A Metrópole das Províncias do Norte e Simplício Dias da Silva convidado a ser o primeiro presidente da Província do Piauí.

Prevendo que o movimento da independência poderia fazer Portugal perder sua mais rica colônia, o monarca mandou o general Fidié e suas tropas para Oeiras para conter tal movimento e caso contrário pelo menos preservar o Norte da colônia. Quando as notícias de que a independência tinha sido proclamada no litoral do Piauí chegaram à capital, Fidié e suas tropas deslocaram-se para a vila de São José da Parnaíba, mas ao chegar os revoltosos haviam se refugiado nas cidades vizinhas e Oeiras agora era quem declarava sua independência.

No percurso de volta a Oeiras, as tropas portuguesas foram surpreendidas com populares armados de pedras e paus em Campo Maior, episódio conhecido como a Batalha do Jenipapo. Fidié apesar de ter ganho a batalha, tinha suas tropas enfraquecidas e em vez de ir a Oeiras, foi a Caxias para poder reorganizá-las. Quando chegou nesta cidade, foi cercado por tropas a favor da independência e teve que se render. No dia 19 de outubro, comemora-se o Dia do Piauí.

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Éis o homem

Domingos Jorge Velho

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terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Amor – Palavra latina que segundo um etimologista é uma contração de a me o, siguinificando; “saio de mim”. Amar é sair de si. O egoísta é estar em si. O egoísta vive num circuito fechado, lembra a resistência de um chuveiro ou de um ferro elétrico: esquentam e até estouram se não forem desligados em tempo. Conectam-se a essa resistência um fio de saída já não esquentam e nem estouram. O amor é esse fio de saída. É sair de si mesmo é um doar-se cuja decorrência natural é um estado de suprema felicidade. Mas o amor não busca esse estado; O amor nada busca; basta-se a si mesmo. Reconhece-se o individuo amoroso pela natural capacidade de viver com o que é. Essa expressão é do psicólogo hindu krishnamúrti : “viver com o que é” A total insegurança do egoísmo é o que leva a querer modificar o ambiente em seu próprio favor. Ele não se quer perturbado. Quer-se feliz e seguro, e por isso fecha-se em si mesmo, com as conseqüências muito conhecida deste fechar-se: isolamento, solidão, sofrimento, angustia, desespero, precisamente a perturbação intensa que ele procurou evitar ao ensimesmar-se. O Altruísta, o amoroso, gosta de si mesmo, gosta do outros como ele próprio e os outros são. Não faz comparações, não inveja não ambiciona, não julga. Vive em plenitude com muita intensidade.