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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

poemas indigenas


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ANTOLOGIA DE POESIA INDÍGENA
SOU ÍNDIO E TENHO ORGULHO DE SER ÍNDIO
Eu nasci índio, e quero morrer sendo índio.
Eu sou índio, porque sei dançar o ritual do awê.
Eu sou índio, porque sei contar a história do meu povo.
Eu sou índio, porque nasci na aldeia.
Eu sou índio, porque o meu sistema de viver, de pensar, de trabalhar e de olhar o mundo é diferente do homem branco.
Eu sou índio, porque sempre penso o bem para meu povo e todas as nações indígenas.
Eu sou índio, Pataxó, sou brasileiro, sou caçador, pescador, agricultor, artesão e poeta.
Enfim, sou um lutador que sempre procura a paz.
Sou índio, porque sou unido com meus parentes e todos aqueles que se aproximam de mim.
Sou índio, e tenho orgulho de ser índio
(Kanátyo Pataxó – O povo Pataxó e sua história.)

COMEÇO DO MUNDO
Choram todos.
Buraco fundo muito.
Alguns deitados pendurados (a um cipó Ambé-coroa)
Adultos, adultos deitados pendurados.
Crianças deitadas.
Céu desce, se aproxima; céu baixo, fundo longe.
Árvore não. Saiu muito sangue, o sangue todo.
Aqueles deitados baixo.
Aqueles deitados alto, perto, longe.
Cipós, mato emaranhado (cheio de espinhos, arbustos e cipós)
Põem-se agachados aqueles, longe, perto.
Lá, lá no céu cheio de rachaduras,
Céu rachado, xamãs.
(Índios Yanomamis – Mitopoemas Yãnomam.)

COMEÇO DO MUNDO (adaptação de Mário Chamie)
Todos os yanomami choram.
O buraco é muito fundo.
Alguns estão agarrados a um cipó.
Os adultos e as crianças estão agarrados.
O céu cai.
O céu está em baixo e fundo.
Não existem mais árvores.
Todo o sangue dos yanomami se espalhou.
Alguns yanomami permanecem morando sob a terra.
Outros aqui em cima
Espalhados por perto e por longe.
Outros ainda se agacham espalhados
Entre cipós e mato emaranhado.
Lá, lá o céu cheio de rachaduras;
Está rachado e os xamãs o seguram.
(Mitopoemas Yãnomam.)

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